segunda-feira, outubro 22, 2012

Novas edições:
Andrew Bird, Hands of Glory


Andrew Bird
“Hands of Glory”
Bella Union
4 / 5

Há tradições que Andrew Bird gosta de cumprir. Uma delas é coisa coletiva e junta, em pausas da agenda de palcos, a sua banda nos espaços da quinta no Illinois onde tem o seu refúgio e principal espaço de trabalho criativo. A outra começa a ser uma vontade em fazer acompanhar os seus álbuns com discos-companheiros. E tal como a Noble Beast juntou Useless Creatures (uma aventura instrumental que transcendia as fronteiras da canção), desta vez soma a Break It Yourself, editado há alguns meses, o EP Hands of Glory, um conjunto de oito canções entre as quais encontramos alguns originais, novas leituras de composições suas ou versões (dos Handsome Family, Carter Family ou Alpha Consumer). A aventura começou desta vez numa sessão de gravação numa pequena igreja em Louisville da qual resultaram os dois primeiros temas do EP. Seguiu-se o encontro já habitual no velho celeiro (devidamente transformado) na sua quinta, com os elementos da banda essencialmente apoiados por instrumentos acústicos e tocando em volta de um mesmo microfone. O minimalismo dos recursos contrasta então com a expressividade e força das canções que traduzem essencialmente ligações a genéticas da folk e da country (espaço reforçado pela escolha das versões). Onde o disco-companheiro de Noble Beast expressava, mais que um jogo de contrastes, um espaço de invenção distinta (indiciando possíveis experiências a retomar mais adiante, apesar do piscar de olhos a esses climas que agora faz no espantoso Beyond the Valley of the Three White Horses), Hands of Glory sugere antes um reforço das teses de uma simplicidade formal que sublinha marcas de identidade autoral que Break It Yourself já sugerira este ano. Estamos perante um músico claramente inspirado e dedicado à construção de uma obra que de si faz já um dos mais interessantes e inspirados cantautores do nosso tempo.