Jah Wobble’s Invaders of The Heart
“Take Me To God”
Island Records
(1994)
“Take Me To God”
Island Records
(1994)
Descobrimo-lo como baixista ao serviço dos Public Image Ltd, a banda que John Lydon formou depois do fim dos Sex Pistols. Mas cedo Jah Wobble definiu caminho próprio numa discografia a solo que remonta aos primeiros dias dos oitentas. À chegada dos noventas, atento a um alargamento de horizontes a outras músicas de outras geografias que entretanto haviam entrado no mapa mundo dos sons gravados pela expansão que o fenómeno da world music havia conhecido em finais dos anos 80, Jah Wobble forma o coletivo Invaders of The Heart, onde promove uma sucessão de encontros sem fronteiras, cruzando géneros, referências e passaportes bem distintos. Depois de um disco de estreia em 1990 e de um afinar das ideias em 1991 em Rising Above Bedlam, em 1994 Take Me To God, o terceiro álbum que Jah Wobble grava com os Invaders of the Heart propõe uma visão dialogante e sem barreiras de um mundo onde a música ultrapassa geografias para sugerir uma personalidade maior. E numa altura em que o conceito de “aldeia global” era integrado no discurso corrente, o disco traduzia uma expressão concreta dessa ideia de comunicação à escala planetária. Mais que nunca Jah Wobble explora aqui os espaços da canção, a presença dos vários colaboradores integrando no discurso total do grupo elementos com genética africana, indiana ou caribenha que assim esbatem a matriz ocidental que poderia surgir como ponto de partida. Nomes como Anneli M. Drecker (a voz dos Bel Canto), Ximena Tascon, Abdel Ali Slimani, Natacha Atlas, Najma Akhtar, Baaba Maal ou Gavin Friday contam-se entre a multidão de colaboradores que Jah Wobble convoca a esta visão pop do mundo. Diferente do “quarto mundo” idealizado por Jon Hassell ou de meras atualizações de referências tradicionais, este mundo global de Jah Wobble propunha uma fusão de formas, genéticas e linguagens. Como se o mundo coubesse num disco. Algo esquecido (apesar de uma reedição com extras em 2011), Take Me To God tornou-se um paradigma de uma atitude perante a world music que teve importante expressão nos anos 90.