quarta-feira, agosto 01, 2012

Gore Vidal (1925-2012)


Um dos grandes escritores norte-americanos do nosso tempo. Mas Gore Vidal não esgotou na escrita literária o seu tempo e talento. Foi pelos livros que ganhou notoriedade. Sobretudo quando, em 1948, o célebre A Cidade e o Pilar (um dos primeiros romances norte-americanos a abordar a homossexualidade) recebeu de um crítico do New York Times um “não”, este recusando-se a escrever sobre o livro... O crítico teve a “sorte” de tantos outros censores da história. E é curioso verificar que, na sua curta entrada na Wikipédia, a maior parte do texto recorda, precisamente, o facto de se ter recusado a escrever sobre o livro de Gore Vidal. Enfim...

Gore Vidal publicou em várias frentes temáticas, entre os seus títulos traduzidos entre nós contando-se romances como Julian (de 1964, sobre o imperador romano Júlio, o Apóstata) ou Washington D.C. (de 1967, uma trama política nos tempos de Franklin D. Roosevelt). Escreveu para cinema, o mais célebre dos seus argumentos sendo o que William Wyler lhe pediu para o épico bíblico Ben Hur (na verdade fez trabalho de reescrita que não acabou creditado). No documentário Celluloid Closet, de Rob Epstein e Jeffrey Friedman (baseado no livro homónimo de Vito Russo), Gore Vidal revela que, com o conhecimento do realizador (mas sem que o protagonista Charlton Heston o soubesse), introduzira uma discreta e apenas subentendida tensão gay entre as personagens rivais de Ben Hur e Massalla. Outro dos seus mais notáveis trabalhos para o cinema surgiu na adaptação de Bruscamente no Verão Passado, de Tennessee Williams, para o filme homónimo, de 1959, de Joseph Mankiewicz.

Homem de vários ofícios, Vidal assinou ainda ensaios, memórias, peças de teatro... Como ator vimo-lo, por exemplo, num breve papel em Gattaca, de Andrew Niccol. Homem de ideias bem definidas, teve uma voz política ativa (chegou a ser candidato em eleições), quer pelo People’s Party (nos anos 70) ou, mais frequentemente, pelo Partido Democrático.