sexta-feira, agosto 17, 2012
E assim Glass venceu a "maldição" da 10ª
Há alguns anos, não muitos, em conversa com Philip Glass, perguntava-lhe como ia ele vencer a “maldição” da nona sinfonia... E respondeu-me com o seu tão característico sorriso: compondo a nona e a décima ao mesmo tempo. Assim o fez. E se em janeiro estreou a Sinfonia Nº 9 (entretanto já editada em disco), agora foi a vez de dar primeira audição pública à sua Sinfonia Nº 10. Sob a direção de Dennis Russel Davies, a Orchestre Nationale des Jeunes de França (que tem o maestro como diretor artístico) estreou há poucos dias, em Aix-en-Provence, a mais recente obra sinfónica de Philip Glass. Das poucas críticas já publicadas sai a ideia de uma obra que (ao invés das mais recentes sinfonias números sete, oito e nove) não abre novos horizontes, mas revela uma “energia cool e fresca” (Finantial Times). Berlim também já escutou a “décima”, ao que se segue Paris, em finais de outubro. Ainda não há, no entanto, datas anunciadas para a edição em disco.
O calendário de Philip Glass aponta nos próximos dias à Califórnia, que os espera para dois programas integrados no Days and Nights Festival. Dia 31, no teatro ao ar livre da Henry Miller Memorial Library em Big Sur, será projetada uma versão digitalmente recuperada de Koyaanisqatsi, de Godfrey Reggio, com música interpretada em sincronia com o filme. Depois da sessão haverá perguntas e respostas com o compositor e o realizador. A 1 de setembro, no Sunset Center, em Carmel, segue-se uma atuação conjunta de Philip Glass e Foday Musa Suso.
PS. Para os menos dados às coisas da clássica, a ideia da "maldição" da décima deve-se ao facto de muitos dos grandes sinfonistas, como Beethoven, Schubert ou mesmo Mahler (apesar de ter lançado as bases da décima sinfonia) não terem ido além da "nona".