sexta-feira, julho 06, 2012

Reedições:
Bronski Beat, The Age Of Consent


Bronski Beat
“The Age of Consent”
Edsel
4 / 5

Há algumas semanas lamentava-me aqui do “esquecimento” a que parecia votada a música dos Bronski Beat. Mal imaginando que, poucas semanas depois, o álbum The Age of Consent seria um dos títulos integrados numa série de cinco reedições da obra de Jimmy Sommerville, o primeiro vocalista da banda, para a London Records (que ao disco dos Bronski Beat junta assim os dois álbuns dos Communards e os seus dois primeiros álbuns a solo). Este é, de longe, de todo o lote, o álbum histórica e musicalmente mais estimulante. Não só desempenhou um importante papel numa agenda política em luta pelos direitos LGBT, como promoveu uma muito interessante abordagem de uma pop electrónica muito na linha da frente do que se fazia em terreno mainstream com heranças que vão do disco sound, que revisitam concretamente numa inesquecível versão de I Feel Love de Donna Summer, e do hi-nrg (ou seja, marcas de relacionamento direto com a cultura queer dos anos 70) com memórias mais distantes da música de um Greshwin (de quem apresentam uma belíssima versão de It Ain’t Necessairly So). The Age of Consent foi um disco que se tornou no mais inesperado fenómeno de sucesso do seu tempo. Smalltown Boy, uma das suas melhores canções, foi cartão de visita em single e desde logo cativou atenções em grande escala ao som de uma história sobre homofobia e discriminação. Ideias que prosseguem em Why?, o segundo single e se juntam a outras formas de cantar a realidade dos três elementos da banda em canções que deram voz e rostos a uma geração que abriu espaço para uma visibilidade mainstream de canções pop bem distintas dos modelos clássicos boy meets girl que até aí haviam dominado as faces mais visíveis desta realidade. Quase 30 anos depois a reedição de The Age of Consent não só cala o silêncio a que o álbum havia sido votado nos últimos anos. Como junta ao alinhamento uma série de extras que assim completam o retrato da etapa de vida da banda que justifica os focos das nossas atenções (convém aqui lembrar que, após a saída de Jimmy Sommerville, e entre vários vocalistas, nunca mais os Bronski Beat lançaram um disco digno do patamar em que este os colocou no panorama pop global em 1984). Em formato de disco duplo, a presente reedição integra o alinhamento de Hundreds and Thousands, um álbum de remisturas editado em 1985 que juntava a novas versões de temas do disco de 1984 os temas Run From Love e Hard Rain, que chegaram a ser gravados para um single que acabaria por nunca sair da gaveta das intenções. Depois há versões máxi (nem todas, que falta a soberba mistura longa de Smalltown Boy), edits para singles e lados B (aqui reparando-se ainda a ausência de Memories, a outra face do single de estreia). Não se trata portanto de uma integral da fase Sommerville. Mas um reencontro bem acompanhado (com alguns temas até aqui inéditos em CD) de um dos grandes discos da pop dos anos 80.