System 7
“System 7”
Ten Records
(1991)
A revolução que a música de dança lançou em finais dos oitentas teve profundo impacte no panorama global da música popular e permitiu não apenas episódios de cruzamento de linguagens até então inesperados e até mesmo a recruta de músicos de outras gerações para novas aventuras em novos terrenos. Foi o que aconteceu com Steve Hillage. Veterano, tem carreira que remonta a finais dos anos 60, nos 70 passando por bandas como os Khan ou Gong (e colaborando numa interpretação de Tubular Bells de Mike Oldfield para a BBC em 1973), nos oitentas tendo assinado como produtor discos de nomes como os Simple Minds, Cock Robin ou It Bites. Nos noventas, entusiasmado pelos sons que revolucionavam a paisagem ao seu redor e, sobretudo depois de ouvir os Orb a passar elementos do seu álbum ambiental de 1979 Rainbow Dome Musick, Steve Hillage resolve mergulhar nos espaços do então chamado ambiente house. E, sob evidentes afinidades para com um dos paradigmas do género que foi, precisamente, o trabalho dos Orb que os conduziria a The Orb’s Adventures Beyond The Ultraworld, cria o projeto System 7, que se estreia em disco poucas semanas depois desse outro álbum que hoje recordamos como definidor de um tempo e de uma linguagem. Sem o impacte de uns Orb, ou de uns contemporâneos Orbital ou até mesmo de uns 808 State (com obra que já vinha de finais dos oitentas), os System 7 apresentam contudo no seu álbum de estreia um curioso terreno de diálogo entre velhas heranças prog (muito evidentes nas guitarras de Hillage), as cenografias ambiente house que então faziam o som do presente e um interesse pela exploração da canção (num alinhamento onde não faltam também várias experiências essencialmente instrumentais). Hillage chamou uma série de colaboradores a este seu primeiro álbum como System 7, entre eles Paul Oakenfold (DJ e produtor então em voga), Derrick May (um dos pioneiros da techno de Detroit) e Alex Patterson (dos The Orb). Mais de 20 anos depois, o som é coisa datada. Mas interessante memória de um espaço de diálogo entre visões distintas de uma demanda por uma certa noção de música que dilui protagonistas e paisagens num todo comum.
E depois do disco
Steve Hillage manteve os System 7 ativos desde então. A visibilidade conquistada pelo álbum de estreia deu ainda alguma notoriedade ao segundo álbum, 777, editado dois anos depois. Mas com o tempo afastou-se dos focos das atenções dos media. O mais recente álbum do projeto data de 2011.