sábado, junho 09, 2012
'Low' segundo João Pedro Coimbra
Este mês assinalamos os 40 anos do lançamento de Ziggy Stardust, de David Bowie. Mas como uma carreira não se reduz a um disco, pedimos a alguns amigos que escolhessem o “seu” disco de Bowie. Hoje apresentamos a escolha de João Pedro Coimbra, dos Mesa, que propõe um reencontro com Low de 1977. Um muito obrigado ao João Pedro pela colaboração.
Low é o meu disco favorito de toda a discografia de David Bowie.
Existem canções espalhadas na sua carreira discográfica que admiro e que se equivalem às existentes neste disco, mas para mim este é no seu todo, excelente.
Porquê? Isso já se torna mais difícil de explicar. Há 3 elementos que para mim contribuem definitivamente para isso: as canções, obviamente, mas também os arranjos e a instrumentação utilizada.
Um secção rítmica profundamente R&B e gigante (oleada no Station to Station), riffs de guitarra certeiros, síntese analógica tocada pelo próprio Bowie e por Brian Eno, Iggy Pop (voz em What in the World e “farmacêutico” de serviço) e Tony Visconti, a produzir uma festa que começou num Castelo perto de Paris e acabou em Berlim.
A proposta feita por Bowie a Visconti, de perder um mês com ele a gravar algo que poderia nunca ver a luz do dia, revelou-se a chave para um disco, em que o formato canção é aberto e indefinido e o lado B do mesmo, revela as influências da música contemporânea europeia. Tudo somado, levou editora, manager, críticos de música e fãs a mais uma apoplexia. Chama-se Liberdade Criativa e devemos usá-la ao peito.