Tones on Tail
“Pop”
Beggars Banquet
(1984)
“Pop”
Beggars Banquet
(1984)
Ainda os Bauhaus eram uma banda ativa (porém já profundamente dividida por diferentes visões sobre o caminho que a sua música deveria tomar) e o guitarrista Daniel Ash encontrou, fora do grupo, o espaço para dar forma às ideias que ali não tinham terreno para nascer. Formou assim os Tones on Tail, originalmente na companhia do baixista Glenn Campling (um antigo roadie dos Bauhaus) e, mais tarde, contando com a colaboração do próprio Kevin Haskins (o baterista da banda que mantinha ainda com Peter Murphy e David J). A separação dos Bauhaus concedeu então outro patamar de concentração de esforços para os músicos (que tinham já editado dois EPs), surgindo então a oportunidade para gravar um álbum. Eitado em 1984, Pop é contudo mais o retrato de um tempo de transição e busca que a expressão de fim alcançado. O tom e tensão que caracterizada os melhores momentos dos Bauhaus era visível nas fundações da linguagem do trio. Porém a abertura a outros horizontes faz a diferença, revelando outros azimutes da atenção para as electrónicas, pontualmente o jazz e muitas outras novas soluções de produção. Ao mesmo tempo, nos momentos em que aflora o som da guitarra acústica (como no fabuloso Real Life, o tema que semeia claramente o futuro imediato dos músicos) adivinhamos os caminhos que pouco depois, e com David J (que entretanto iniciara também uma carreira a solo) a bordo, os levaria aos Love and Rockets (e a alguns dos melhores discos que a cultura pop/rock alternativa nos daria na segunda metade dos anos 80). Algo esquecidos entre a força maior de uns Bauhaus e a carreira igualmente marcante dos Love and Rockets, os Tones on Tail são todavia um bom exemplo não só das demandas que procuravam novos caminhos em cenários urbanos na Inglaterra de meados dos oitentas mas, sobretudo, de como um conjunto de músicos parte de uma experiência com reconhecida importância histórica para, ensaiando ideias, encontrar o rumo para um outro episódio que soube definir o seu caminho próprio e em nada viver das glórias passadas.