Não, não creio que seja pertinente considerar os jornais desportivos como responsáveis directos pelas muitas formas de facciosismo que contaminam a vida portuguesa do futebol (e através do futebol). Nada é tão simples nem tão linear — e a implantação popular da imprensa desportiva continua a ser um importante dado da nossa vida cultural.
Em todo o caso, vale a pena perguntar: o que é que os jornais (e as televisões, hélas!) fazem para contrariar a manutenção de um estado bélico em torno do futebol?
Digamos que, de um modo geral, fazem muito pouco. E, por vezes, confundem o prazer do confronto com a reactivação de um imaginário visual enraizado em coisas totalmente estranhas ao que está em causa.
A manchete de hoje, do jornal A Bola, consegue duas coisas igualmente tristes: primeiro, banalizar a complexa memória do Dia D; segundo, reduzir os protagonistas do futebol a máquinas-que-gritam contra o "inimigo".
A manchete de hoje, do jornal A Bola, consegue duas coisas igualmente tristes: primeiro, banalizar a complexa memória do Dia D; segundo, reduzir os protagonistas do futebol a máquinas-que-gritam contra o "inimigo".
Convenhamos que o fascínio do jogo merecia outro gosto pelas suas nuances. E, já agora, também algum pudor face à herança visual da história (em particular da história da Europa).