Hurts
“Happiness”
RCA / Sony Music
4 / 5
É uma das estreias pop mais esperadas do ano, com expectativas na verdade lançadas ainda por primeiros sinais revelados em finais de 2009 (foram inclusivamente uma das bandas eleitas na tabela ‘Sound of 2010’ da BBC) e reforçadas pelos dois singles entretanto editados. Os Hurts são um duo com história feita em Manchester, no Reino Unido. Theo Hutchcraft e Adam Anderson têm uma narrtiva pessoal que passa por outras bandas que não fizeram história, a soma um mais um aqui apresentando uma ideia pop coerente feita de canções de alma épica mas onde, no que poderá ser um jogo de opostos entre o título e a essência desta música, um certo desencanto marca incontornável presença. O alinhamento de Happiness é essencialmente feito de uma sucessão de baladas desenhadas para uma cenografia luxuriante (que ocasionalmente aceita a presença de cordas). A melancolia mora permanentemente no horizonte destas canções, até mesmo quando a intensidade dos ritmos ganha outra vitalidade, seja em Better Than Love (onde se escutam ecos da memória de uns Simples Minds em inícios dos oitentas) ou no design aprumado que define Wonderful Life (na mais clássica escola Pet Shop Boys). A música é elegante, polida nas formas e, mesmo não atingindo o patamar alcançado pela estreia de La Roux no ano passado, garante aos Hurts um interessante ponto de partida. O calcanhar de Aquiles do disco mora contudo na relativa banalidade dos poemas que suportam as canções, as letras, assim como o tom excessivamente rígido (e sério) dos músicos deixando-os bem longe da personalidade decididamente mais inteligente, perspicaz e talentosa de uns Pet Shop Boys. Ou seja, ainda não é desta que a melhor dupla da história da pop feita com electrónicas conhece concorrência directa. Mas têm todos os discos de ser candidatos à revolução ou sucessão do que quer que seja? Não parece… E, no fundo, Happiness parece encontrar felicidade ao dar-nos, simplesmente, um saboroso disco de canções pop.