segunda-feira, dezembro 28, 2009

Os melhores de 2009: discos

Estas são as primeiras de uma série de listas que, esta semana, vamos publicar revendo o melhor de 2009 em vários comprimentos de onda. Começamos pelos discos…

N.G.

Foi um ano cheio de muitos e bons discos. E o difícil foi mesmo escolher listas de apenas dez! Aqui ficam, as listinhas da praxe em três frentes: pop/rock (e afins), música portuguesa e clássica (e universos ao seu redor)…

POP/ROCK: As unanimidades por vezes são perigosas, mas há muito tempo que se não via tamanha concentração de escolhas em torno de um mesmo disco. E o vencedor é mesmo Merryweather Post Pavillion, dos Animal Collective. O disco na verdade fecha uma década ao longo da qual a banda norte-americana seguiu um trilho muito pessoal, em busca de uma linguagem que não só encontrou como acabou por dominar. O álbum deste ano é a sua obra-prima e representa um dos títulos de síntese mais marcantes do que foi o som dos anos zero. Na lista dos dez mais do ano as escolhas passam depois pelo projecto Discovery, uma aventura em paralelo de elementos dos Vampire Weekend e Ra Ra Riot a experimentar outra forma de, com electrónicas na manga, explorar os caminhos da canção. Murcof voltou a brilhar, desta vez num disco que junta às suas demandas texturais e minimalistas os ecos da corte de Luis XIV em Versalhes. Os Grizzly Bear são os campeões indie do ano, com um disco que soube levar as canções a novos patamares nas formas e arranjos (Nico Muhly a ajudar). Julian Casablancas registou a solo o grande sucessor que há muito faltava para o álbum de estreia dos Strokes. DM Stith (no campeonato Sufjan Stevens) foi a revelação do ano. Sufjan, já agora, confirmou visões que se adivinhavam nas entrelinhas de Illinois num filme-com-música sobre uma auto-estrada em Nova Iorque. Os Girls e o álbum que se chama Album foram outra das boas notícias do ano, abrindo janelas a heranças da cultura pop californiana. Os Pet Shop Boys deram-nos o seu melhor álbum desde 1991! E David Sylvian não consegue fazer um disco menor!

1. Animal Collective, Merryweather Post Pavillion
2. Discovery, LP
3. Murcof, The Versaillhes Sessions
4. Grizzly Bear, Veckatimest
5. Julian Casablancas, Phrazes For The Young
6. DM Stith, Heavy Ghost
7. Sufjan Stevens, B.Q.E.
8. Girls, Album
9. Pet Shop Boys, Yes
10. David Sylvian, Manafon


MÚSICA PORTUGUESA: Se 2008 foi o ano das revelações, 2009 trouxe as confirmações. B Fachada cumpriu em pleno, primeiro com um álbum de boas surpresas e, no fim do ano, com novo disco verdadeiramente surpreendente, o que dele faz neste momento um dos mais interessantes autores da nova música portuguesa. O ano trouxe ainda a conclusão, em grande forma, do díptico a solo, ao piano, de António Pinho Vargas. Sérgio Godinho, José Mário Branco e Fausto levaram a disco o inesquecível concerto a três. O Real Combo Lisbonense despertou curiosas memórias de uma música portuguesa esquecida. Os Quais fizeram de um meio disco uma ideia inteira. Francisco Ribeiro trouxe novas visões numa música de vistas largas. Tiago Sousa mostrou uma espécie de autobiografia em vinil. Bernardo Sassetti continua a assinar grandes bandas sonoras. Os Micro Audio Waves prosseguem um interessante diálogo com a canção, desta vez em cena. E Samuel Úria fechou o ano com uma bela mão cheia de canções.

1. B Fachada, B Fachada
2. António Pinho Vargas, Solo II
3. Três Cantos, Três Cantos ao Vivo
4. Real Combo Lisbonense, Real Combo Lisbonense EP
5. Os Quais, Meio Disco
6. Francisco Ribeiro, Desiderata – A Junção do Bem
7. Tiago Sousa, Insónia
8. Bernardo Sassetti, Um Amor de Perdição
9. Micro Audio Waves, Zoetrope
10. Samuel Úria, Nem Lhe Tocava


CLÁSSICA: Foi nos espaços adiante das fronteiras de género que aconteceram os casos mais interessantes do ano musical. E na área (ou imediações) da música clássica não houve melhor exemplo que o disco no qual o compositor Ambrose Field juntou a sua música electrónica essencialmente textural a canções de Guillaume DuFay, com o tenor John Potter como parceiro nesta aventura. Quem também brilhou este ano foi a maestrina Marin Alsop, sobretudo numa soberba nova gravação da Missa, de Leonard Bernstein. John Eliott Gardiner somou mais um triunfo no terceiro volume que dedica a Brahms. Uma caixa juntou as gravações de música orquestral de Joly Braga Santos, sob direcção de Álvaro Cassuto. John Adams desenvolveu uma pungente sinfonia a partir da sua ópera Doctor Atomic. David Fray deu-nos uma magnífica leitura para obras para piano de Schubert. Arvo Pärt não desiludiu em In Principio. David Lang levou a disco a obra que lhe valera o Pulitzer no ano passado. John Corrigliano registou as suas abordagens a canções de Bob Dylan. E as Sinfonias de Nino Rota trouxeram interessantes novos olhares a uma obra que sobretudo lhe deu nome no cinema.

1. Ambrose Field, Bring Dufay
2. Bernstein: Marin Alsop, Mass
3. Brahms: John E. Gardiner, Symphony Nº 3
4. Braga Santos: Álvaro Cassuto, Integral das Sinfonias
5. Adams: David Robertson, Doctor Atomic Symphony
6. Schubert: David Fray, Moments Musicaux / Impromptus
7. Arvo Pärt, In Principio
8. Lang: Paul Hiller, The Litte Match Girl Passion
9. Corrigliano: JoAnn Palletta, Mr. Tambourine Man
10. Rota: Marzio Conti, Symphonies

J.L.


Entre novidades e reedições, velhinhos bem conservados e alguns simpáticos agitadores juvenis, muito pop e alguns desvios ditos clássicos ou jazzísticos, uma coisa é certa: em tempos de dominação da cultura televisiva, não foi esta a música que nos deram a ver/escutar. A prova? Quase deixou de haver telediscos nas televisões generalistas, enquanto a MTV se converteu aos horrores da reality TV. Entretanto, proliferam os clones dos concursos, por vezes tentando imitar Michael Jackson. Você disse Michael Jackson? Darkness falls across the land...

The Beatles, Remasters
Keith Jarrett, Paris/London Testament
Cecilia Bartoli, Scarificium
Anne Sofie von Otter, Bach
Madonna, Celebration
Girls, Album
Antony and the Johnsons, The Crying Light
Flaming Lips, Embryonic
Bob Dylan, Together Through Life
Yeah Yeah Yeahs, It's Blitz