quinta-feira, outubro 01, 2009

Homens na Lua

Originalmente publicado em 2005, o livro de Andrew Smith Moondust: In Search Of The Men Who Fell To Earth (título claramente evocativo do filme The Man Who Fell To Earth, de 1975, protagonizado por David Bowie) regressou recentemente aos escaparates numa edição com um novo prefácio e um novo epílogo, assinalando os 40 anos da chegada da Apollo XI ao solo lunar no Verão de 1969.
 
Apesar de ter nascido em Nova Iorque e ter vivido parte da juventude nos EUA (assistiu às emissões televisivas das alunagens das missões Apollo na sua casa, em San Francisco), Andrew Smith é inglês. Escreveu para publicações como o Melody Maker, The Face, Sunday Times ou o The Observer, abordando figuras tão distintas como os KLF, Damien Hirst, Jeff Bezos ou Bianca Jagger. O livro que agora foi reeditado (com nova capa, em lançamento paperback) traduz um interesse antigo pelas gentes e feitos do projecto Apollo que, entre 1969 e 1972 levou 12 homens à superfície lunar.
Muitos e muitos livros foram já publicados, alguns mesmo ainda em tempo de vida do projecto Apollo, sobre a conquista da Lua pelos astronautas da NASA. O que Moondust traz de especial não é apenas o relato na primeira pessoa dos homens que protagonizaram a aventura (que o autor conheceu nas mais variadas situações, descrevendo um a um os encontros), mas também o cruzamento das suas memórias com a história pessoal do próprio Andrew Smith. Episódios que marcaram a história do século XX ganham assim uma relação com uma dimensão pessoal, na sua escrita Andrew Smith aproveitando para partilhar opiniões, olhares e factos, sem colocar filtro a eventuais erupções de bom humor. Não se trata de uma incursão pelos bastidores da aventura, mas um conjunto de retratos comentados e dialogados dos homens (nove escutados no curso da preparação do livro, já que três entretanto morreram) que a levaram a bom porto. O texto deixa ainda clara a forma como cada astronauta viveu o “seu” momento, a ressaca da viagem e, mais tarde, a forma como aquelas horas na superfície lunar mudaram a sua forma de estar no mundo.