quinta-feira, maio 21, 2009

Cannes 2009: 21 de Maio

Não será, por certo, através de À l'Origine, de Xavier Giannoli, drama baseado em factos verídicos, que a França renovará as suas vitórias no Festival de Cannes. Em todo o caso, também na selecção oficial, mas fora de competição, foi bom descobrir a estreia na realização de Fanny Ardant (com produção de Paulo Branco): chama-se Cendres et Sang e é uma bela viagem a uma ideia mitológica da família e das suas paixões internas.
O grande filme desta quinta-feira foi The Time that Remains, de Elia Suleiman, cineasta palestiniano de quem conhecemos no mercado português Intervenção Divina (2001). Desta vez, ele faz uma espécie de itinerário simbólico da existência dos palestinianos, começando em 1948 e registando a violência, os sofrimentos e também o absurdo que a história lhes reservou. O filme oscila entre a crueza da memória e um delirante sentido de burlesco, com o próprio Suleiman [foto] a viver/representar a saga da sua família. Ele é, afinal de contas, um admirável gestor das formas e das suas significações políticas.