quinta-feira, maio 21, 2009

João Bénard da Costa (1935 - 2009)

Homem do cinema, crítico, ensaísta, investigador, director da Cinemateca, personalidade fundamental na história do cinema português do último meio século, João Bénard da Costa faleceu aos 74 anos, vítima de doença prolongada.
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Assinado pelo seu presidente, Gilles Jacob, o Festival de Cannes divulgou o seguinte comunicado:

Cannes, 21 Maio 2009

O festival tomou conhecimento, com pesar, do falecimento de João Bénard da Costa, director da Cinemateca de Lisboa, fundador do movimento cinclubista em Portugal. Professor e historiador do cinema, João Bénard da Costa era um erudito, um homem fino, cultivado, delicioso, que deu muito ao cinema português. Ainda no ano passado, ele esteve em Cannes acompanhando Manoel de Oliveira para assistir à homenagem que o festival lhe prestou. Querido por todos, homem do coração, foi o seu coração que acabou por ceder. Inclino-me perante a sua memória e dirijo à sua família a emoção e os sentimentos do festival.

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Desde os tempos da revista O Tempo e o Modo e do combate cultural e político contra o salazarismo, até ao trabalho na Cinemateca Portuguesa -- primeiro nas direcções de Félix Ribeiro e Luís de Pina, depois já no cargo de director --, João Bénard da Costa foi um homem de combate pelas ideias e pelos seus valores humanos. Por certo desencadeando concordâncias e divergências, mas sempre conduzido por uma genuína paixão pelas coisas do cinema que, além do mais, se traduzia numa preocupação crescente com a defesa do património cinematográfico. Neste aspecto, importa destacar o seu papel determinante (juntamente com José Manuel Costa) na aprovação, construção e colocação em funcionamento do ANIM, Arquivo Nacional das Imagens em Movimento, hoje uma instituição fundamental numa política de defesa das memórias cinematográficas e televisivas do nosso país.

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O texto que se segue foi lido na Antena 1:

Quando falamos de João Bénard da Costa, é inevitável lembrarmos o estudioso da história do cinema, o analista metódico do cinema português e também o homem da Cinemateca, sempre empenhado na defesa do património fílmico.
Mas, do tempo em que trabalhei com ele, precisamente na Cinemateca, nos anos 80, gostaria de lembrar, sobretudo, a vontade de descoberta. Ou seja: o João Bénard era alguém que nunca desistia de descobrir, de continuar a descobrir o cinema e as suas convulsões. Isso tem um nome muito especial: cinefilia -- e é uma belíssima herança.