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Assim é, de facto, nesta história de uma mãe que não aceita a criança que lhe "devolvem" — porque, na verdade, não é o seu filho — acabando por ser internada como doente mental. Eastwood filma o próprio trabalho do poder (policial e político) no sentido de impor uma definição unilateral da realidade e, no limite, uma lógica determinista para o funcionamento da polis: A Troca é também um dos mais belos filmes que já se fizeram sobre a cidade de Los Angeles (fazendo lembrar, em alguns aspectos da sua estrutura labiríntica, o Chinatown, de Roman Polanski, lançado em 1974, e cuja acção, em meados da década de 30, é mais ou menos contemporânea do período em que decorre o capítulo final de A Troca).
A composição de Angelina Jolie na personagem da mãe prova duas coisas distintas, mas eventualmente complementares: primeiro, que a noção de retrato psicológico não se perdeu nas abstracções de efeitos mais ou menos especiais; segundo, que o realismo mais carnal pode ser o princípio de uma dimensão visceralmente trágica.