Se me perguntarem, hoje, qual é o mais belo filme do mundo, eu respondo: The Exchange, de Clint Eastwood, com Angelina Jolie. Está na competição de Cannes e, se dúvidas ainda houvesse, veio mostrar que Eastwood é um dos derradeiros herdeiros na nobreza de Hollywood.
The Exchange baseia-se no caso veridico de Christine Collins (Jolie) que, na sequência do desaparecimento do filho, é confrontada com um outro rapaz que a polícia insiste em identificar como o seu filho e que, além do mais, a trata por "mãe". Acontece que se trata, de facto, de outra criança — recusando reconhecê-lo, Collins vai ser sujeita a um processo de "normalização", sendo internada num hospital psiquiátrico...
Baseado num facto verídico, ocorrido em 1928, em Los Angeles, o filme possui todas as componentes de uma genuína tragédia: é, de uma só vez, uma muito desencantada crónica sobre as contradições do aparelho judicial e uma viagem à alma de uma mulher confrontada com um absurdo que tudo e todos parecem legitimar. Porventura ainda mais depurado do que nos seus momentos de maior depuração, Eastwood faz um filme sobre a frieza metódica do Mal e, por assim dizer, sobre a sua banalidade social e institucional. Fica, entretanto, uma certeza: a de que Angelina Jolie vai estar entre as nomeadas para o próximo Oscar de melhor actriz.