sábado, dezembro 31, 2005

Memórias de 1914

Ao longo das últimas décadas, muita tinta correu sobre os malefícios cinematográficos dos chamados "pudins europeus". Entenda-se: filmes resultantes de uma aliança financeira de entidades de vários países da Europa, daí retirando algumas vantagens orçamentais, mas sem que houvesse a preocupação de gerir tal diversidade, colocando-a ao serviço de um projecto, pelo menos, dramaticamente coerente. Ironicamente, Feliz Natal é um filme cujo inesperado equilíbrio narrativo parece resultar, afinal, da confluência das mais variadas contribuições (provenientes de cinco países: França, Alemanha, Reino Unido, Bélgica e Roménia). Isto porque o filme é, ele próprio, uma abordagem de um episódio marcado por uma insólita diversidade cultural. Mais concretamente, Feliz Natal evoca o facto (historicamente documentado) de, no Natal de 1914, nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, soldados franceses, escoceses e alemães terem vivido um breve período de tréguas, partilhando o ideal pacifista da quadra natalícia. O filme dirigido por Christian Carion — candidato oficial francês à nomeação para Oscar de melhor filme estrangeiro — tem a vantagem simples de saber preservar as diferenças das suas personagens, por exemplo evitando os efeitos de "homogeneização" tão típicos dos citados "pudins": aqui, cada um fala a sua língua, desse modo instalando-se um sistema de comunicações e cumplicidades que tem tanto de directo como de subentendido. Num contexto em que as ficções televisivas tantas vezes reduzem as memórias da Europa a estereótipos simplistas, é bom deparar com um filme como Feliz Natal e com o seu elementar respeito pela complexidade estrutural e simbólica de qualquer facto histórico.

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Cinemateca evoca Isabel de Castro

A actriz Isabel de Castro, falecida no pas-sado mês de Novembro, aos 74 anos de idade, vai ser evocada em Janeiro pela Cinemateca. Num ciclo a iniciar-se no dia 5, às 19h00 — com Viagem ao Princípio do Mundo (1997), de Manoel de Oliveira — será possível recordar um conjunto de nove filmes da fase final da carreira da actriz. Entre eles, incluem-se Xavier (1992-2003), de Manuel Mozos (dia 5, 22h00) e Aqui na Terra (1993), de João Botelho (dia 6, 19h30).
A programação de Janeiro da Cinemateca inclui ainda, entre outros ciclos, dois acontecimentos particularmente "musicados": uma série de filmes portugueses com bandas sonoras compostas por Luís de Freitas Branco, Carlos Paredes e Manuel Jorge Veloso — começa no dia 9, às 19h00, com uma sessão com as três versões de Douro Faina Fluvial (1931, 1934, 1994), de Manoel de Oliveira — e uma evocação de Mozart no cinema, por ocasião dos 250 anos do seu nascimento — a partir do dia 20, às 21h30, com A Flauta Mágica (1974), de Ingmar Bergman. Já anunciado há alguns meses, o ciclo David Cronenberg começará no dia 30, às 21h30, com Stereo (1969), prolongando pelo mês de Fevereiro.
* Site oficial da Cinemateca

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Micro Audio Waves no Eurosonic 2006

A convite da Antena 3, os Micro Audio Waves vão ser os representantes de Portugal na 20ª edição do Festival Eurosonic, que decorre em Groningen, na Holanda entre os dias 12 e 15 de Janeiro de 2006. O projecto actua no dia 13 de Janeiro no teatro Schouwburg, no centro de Groningen. Os Micro Audio Waves integram, também, a compilação oficial do evento deste ano, com o tema Fully Connected.
O Eurosonic é um evento organizado pela European Broadcasting Union (EBU) e é transmitido para mais de 50 estações de rádio europeias (em Portugal, a transmissão é assegurada pela Antena 3). Em edições anteriores, participaram neste evento bandas como The Gift, Blasted Mechanism, Cool Hipnoise ou Bunnyranch.

Site do Eurosonic
Site dos Micro Audio Waves

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SINGLES: Franz Ferdinand, 2005

O ano 2005 foi de espantosa vitalidade na produção musical que nos chegou de fora de portas. Não faltaram bons álbuns, mas muitos foram também os grandes single (quem sabe se já em resposta a uma lógica de reencontro com a canção que as vendas online desencadearam). E o melhor de todos (opinião necessariamente subjectiva, é sabido) coube aos Franz Ferdinand que mostraram uma vez mais serem invulgarmente capazes de criar canções de expressividade rock mas com irresistível apelo pop, logo inesquecíveis. Tratados como a grande revelação de 2004, graças a um daqueles raros álbuns em que qualquer faixa poderia ter sido escolhida como single (mas do qual se destacou inevitavelmente Take Me Out), os quatro escoceses voltaram em 2005 com um registo de evidente continuidade, presente em quase todas as listas de balanço do ano. O single de lançamento de You Could Have It So Much Better teve a responsabilidade de garantir entusiasmo e adesão imediata a um dos discos mais aguardados do ano. E cumpriu. Animado por uma alma rítmica colhida no disco (que já se escutara em canções do primeiro álbum, mas nunca com esta pujança), e definida por uma melodia irresistível que lembra a grandiosidade pop das grandes canções dos Roxy Music na década de 70, juntando um do do do cantado, verdadeiro gimmick “tiro e queda”, Do You Want To foi a certa porta de entrada na segunda etapa de vida dos Franz Ferdinand. E a primeira certeza de que por cá andarão muito tempo, com muitos bons discos a caminho. No lado B da versão 7" encontramos o delicioso e curto Get Away, um concentrrado de minuto e meio de pop pós-punk que poderia ter saído do primeiro álbum dos Adam And The Ants.

FRANZ FERDINAND “Do You Want To” (Domino, 2005)
Lado A: Do You Want To (Franz Ferdinand)
Lado B: Get Away (Franz Ferdinand)
Produção: Franz Ferdinand & Michael Parker
Posição mais alta no Reino Unido: 4. Nos EUA: 76

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sexta-feira, dezembro 30, 2005

CML aprova filme de Carlos Saura

A CML aprovou o financiamento ao filme sobre fado que o realizador espanhol Carlos Saura vai rodar, conclusão de uma trilogia sobre canções urbanas do século XX. Depois do chumbo na última reunião, os vereadores da oposição optaram desta vez pela abstenção, não sem deixar algumas críticas expressas, entre elas a contestação de se entregar um filme sobre fado a um realizador espanhol, já levantada por Maria José Nogueira Pinto na reunião anterior, e defendida agora por Manuel Maria Carrilho, em inesperado acesso de provincianismo. O projecto de Saura, que conta no seu currículo com filmes como Flamenco (1995) e Tango (1998, então candidato a um Óscar), tem Carlos do Carmo como supervisor musical, Bernardo Sassetti como responsável pela banda sonora, Rui Viera Nery como consultor científico, Eduardo Serra como director de fotografia e juntará no elenco nomes como os de Mariza, Camané, Argentina Santos, José Fontes Rocha e Ricardo Rocha.
O apoio da CML, na ordem dos 1,21 milhões de euros será distribuído em fases, até Dezembro de 2006. A Câmara de Lisboa comprometeu-se também a prestar apoio logístico ao filme e a participar na sua divulgação, muito concretamente através da disponibilização de espaços publicitários. O Instituto Português do Turismo e alguns privados assegurarão os restantes dinheiros e necessidades. Segundo avançou Amaral Lopes, do PSD ao DN, a CML terá direitos sobre o filme, tanto na exibição em sala como em DVD. É justo!

Reagindo a esta notícia, Rui Pereira (profissional há muito ligado à exibição cinematográfica), levanta algumas questões: "Não pondo em causa o valor do filme (está recheado de figuras do fado e da música) não causa estranheza que a Câmara Municipal participe como co-produtora(pelos vistos com 1/3 do orçamento), quando o mesmo já tem vários outros co-produtores de várias nacionalidades e inclusivé já tem contrato de distribuição assegurado para Portugal?
Ou seja, os tais «direitos sobre a obra, desde a exibição em cinema às futuras edições em DVD» são o quê? São os 10% de que fala o Carrilho? Então os outros 40%-50% (percentagem normal nestes negócios)? ficam para o distribuidor em Portugal, claro. Mas esse distribuidor tem de pagar para ter acesso a esses direitos, certo?
Ou seja, com tanta gente a co-produzir e a participar no filme, é aceitável que o dinheiro público pague tanto e só fique com 10% da bilheteira e dos DVDs (porque é disso que estamos a falar)? Aliás, fará sentido de todo a Câmara entrar com dinheiro? Com que objectivo? Promover a cidade, o fado, ou para ganhar dinheiro? Não parece haver aqui dinheiro a mais circular?
E isto leva-nos à segunda questão, mais de fundo.
Como é que se justifica que a Câmara, que diz a toda a gente que não tem dinheiro para nada, que está em ruptura orçamental, que não tem dinheiro para recuperar a casa do Garrett (não é a mesma coisa, eu sei, mas é um exemplo...), esbanje assim 1,21 milhões de euros (242 mil contos), mais os circuitos de mupis, etc?"


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Cinema 2005: 'Village Voice'

Para encerrar o olhar sobre listas de escolhas internacionais de 2005, apontámos hoje o olhar à selecção dos críticos de cinema do Village Voice, um dos melhores cantos de escrita sobre cinema da actual imprensa norte-americana. O vencedor, segundo o Voice, é o filme A History Of Violence, de David Cronneberg, com estreia portuguesa cada vez mais adiada, talvez só para depois de Fevereiro… Note-se, depois, a evidente presença do cinema asiático nesta lista, tradução afinal de uma atenção às diversas cinematografias mundiais que caracteriza as políticas de exibição de algumas salas de culto do East Village e Greenwich Village nova-iorquinos. Numa outra lista, Heath Ledger é distinguido como melhor actor pelo seu papel no filme Brokeback Mountain, de Ang Lee. A ilustrar este post, a primeira página desta edição de balanço cinéfilo do jornal. E agora, os 20 mais bem classificados de uma lista de 130 filmes pontuados!

1. “A History Of Violence”, de David Cronneberg
2. “2046”, de Wong Kar Wai
3. “Kings And Queen”, de Arnaud Desplechin
4. “Grizzly Man”, de Werner Herzog
5. “The World”, de Zhang Ke Ja
6. “Tropical Malady”, de Apichatpong Weerasethakul
7. “The Squid And The Whale”, de Noah Baumbach
8. “Caché (Hidden)”, de Michel Haneke
9. “The Holy Girl”, de Lucretia Martel
10. “Last Days”, de Gus Van Sant
11. “Brokeback Mountain”, de Ang Lee
12. “Café Lumiére”, de Hsiao-hsien Hou
13. “Good Night, and Good Luck”, de George Clooney
14. “Nobody Knows”, de Hirokazu Koreeda
15. “The Intruder”, Claire Denis
16. “Capote”, de Bennett Miller
17. “Head On”, de Faith Akin
18. “Mysterious Skin”, de Gregg Araki
19. “My Summer Of Love”, Pawel Pawlikovski
20. “Land Of The Dead”, George A. Romero


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Para 2006: How Comes The...

Mais uma maquete de 2005 com sabor a disco em 2006. O projecto chama-se How Comes The Constellations Shine (sim, o nome era comprido demais para o título do post) e é obra de um homem só (Gonçalo Pereira), um espaço de invenção de paisagens e ambientes que partem de olhares interiores, mas que conseguem comunicar e partilhar sensações. Electrónicas e guitarras são as ferramentas ao serviço da construção de uma música que partilha algum sentido dramático obsessivo com texturas bem presentes, elaborando teias que despertam sensações e conseguem contaminar quem as escuta. Escutámos uma maquete longa, já pensada como álbum (de título de trabalho Elise), toda ela dominada por peças instrumentais que revelam a sensibilidade tocante de quem as compôs e um desejo evidente em não fechar em si estes momentos de demanda interior. Eis uma bela proposta que pode rumar a uma boa independente atenta, com capacidade para criar culto em seu redor. Resta, agora, imaginar como será esta música, de intensidade evidente em disco (vai da surdina à explosão) ao vivo… A conferir, em 2006.
Aqui podem escutar alguns temas deste projecto

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DN:música, 30 de Dezembro

O suplemento DN:música, do Diário de Notícias, apresenta hoje uma edição especial de balanço comentado a alguns dos grandes acontecimentos pop do ano. Depois das listas dos discos do ano da semana passada, hoje fala-se de:

Música Portuguesa em 2005 (e alguns nomes novos para escutar em 2006) N.G.
Músico do ano: Bernardo Sassetti J.P.O.
O “novo” rock herdeiro do punk e pós-punk N.G.
O ano canadiano T.P.
A explosão do reggae em Portugal D.P.
A definitiva afirmação da DFA I.S.
O regresso de grandes veteranos J.L.
O crescimento da música digital T.P.
As fotos do ano
Cronologia musical de 2005
Sons J.V.H.

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quinta-feira, dezembro 29, 2005

'Odete' estreia hoje no cinema

Estreia hoje em sala o filme Odete, segunda longa metragem de João Pedro Rodrigues. Depois da promissora curta Parabéns (1997) e do magnífico O Fantasma (2000), João Pedro Rodrigues mostra novamente, e como aqui se já afirmou, sinais claros de marcas autorais, como um gosto pelas figuras solitárias, que se marginalizam e vivem vidas em paralelo à dos comuns, seja numa lixeira (Fantasma) ou, sobre uma campa de um cemitério (Odete). Figuras que se transformam por acessos de perturbação emocional (a fuga perante o amor impossível, porque rejeitado, n’O Fantasma), ou, agora em Odete, uma gravidez bizarra. Depois há um evidente primor exigente pelo detalhe. Um rigor no enquadramento. Um olhar pensado pelas formas e cores. Ritmo e consequência na montagem. Um jogo de sons e silêncios com peso na caracterização das personagens (com inteligente inserção de música). E uma exigência notória de qualidade técnica na fotografia e som.
Odete é uma história que parte do real (como é firme na obra do realizador), mas que ruma ao limite do verosímil, numa Lisboa actual que se descobre em supermercados, discotecas, ruas nocturnas, solidões, encontros furtivos, cemitérios, onde os cruzamentos se fazem de carro ou telemóvel… ou patins. Odete e Rui têm vidas separadas. E entre eles passa Pedro. Ele morre num acidente na noite em que celebra o primeiro ano com Rui. Ela despeja do apartamento na cave o namorado, que lhe recusa fazer um filho. Rui e Odete, desamparados e abandonados, cada qual à sua maneira, vão cruzar-se numa história onde a loucura ou a assombração explicam o incrível feito real, e o sonho se transforma num espaço quase assustador…
Este é, sobretudo, um filme sobre a perda. O medo da perda e a forma como reagimos perante a morte. Em entrevista hoje ao DN, João Pedro Rodrigues diz que “Tudo isto nasce do medo que tenho de perder alguém que me é próximo. No filme tento ver o que faço. Se calhar isto vem dos filmes do John Ford. Uma das cenas de que mais gosto no A Paixão dos Bravos é aquela em que o Henry Fonda fala com o irmão que acabou de morrer. Fala com a campa... Isto é recorrente em filmes dele. Eu quis também que o filme fosse muito romântico. E é o cúmulo do romantismo ir-se viver para a campa de quem se ama. Apesar de ali haver também uma possessão.”

A entrevista pode ser lida aqui

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A imensa minoria também dança

O Incógnito foi uma das casas onde dançou mais variada música ao longo de 2005, alternativa a algumas ditaduras de formatos e géneros que caracterizam a esmagadora maioria das noites, sobretudo quando dominadas por DJs que reduzem os seus conhecimentos de música aos máxis de house, techno, deep ou lá o que mandam as modas (ensopadas, sobretudo, em vulgaridades para batida e meia dúzia de notas em dieta de ideias). Espaços como o rock e o hip hop não têm expressão coincidente à dos seus públicos reais nas discotecas lisboetas, inundadas quase todas elas pela receita fácil, mais-do-mesmo, acima citada, salvo excepções, que as há, porque também há bons DJs de house ou techno (mas são coisa rara, tal é a matilha de medíocres que giram discos com penteado à maneira, T-shirt da onda e olhar matador com ares de vedeta, que não são, sem imaginar o que são uns Funkadelic, uma Yellow Magic Orchestra ou um Juan Atkins, afinal autores das cartilhas das linguagens que usam todas as noites).
O Incógnito foi terra firme e segura para quem gosta de rock alternativo (dos 18 aos 45 anos, mais coisa menos coisa) e boa electrónica, e quer mexer as pernas sem ter de levar com uma valente dose metronómica de betoneira e camartelo. Das memórias de 70, 80 e 90 a um atento acompanhamento das novidades, do rock ao bom electro, foi quase um refúgio para uma imensa minoria. E, confesso, o único lugar onde a noite me viu este ano (sobretudo nas sessões Planeta Pop, das quais um flyer deste ano ilustra este post). Vem aí novo ano para o Incógnito. E avançamos aqui com a programação da casa ao longo dos próximos dias. Para começar o ano a dançar o bom e o diferente.

Hoje: The Clients Are Taking Control (pop alternativa, indie). DJs Luis Bento + Luís Soares. Vídeo EyeCandy
Dia 30: Pop Pop & Away! (retrokitsch, disco funk, pop/rock alternativo). DJ Fernando Morgado. vídeo Valise d'Images
Dia 31: Hit Me '06 Passagem de ano, abre à 1.30 (alternative pop hits, electropop hits).
DJ Raygun

Janeiro:
Dia 4: Replay (retro, new wave, anos 80 e 90). DJ Pedro Chaves. Vídeo EyeCandy
Dia 5: Wonderful Elecxtric (indie, electrónica, novidades). DJ Rai. Vídeo EyeCandy
Dia 6: Pop Pop & Away! (retrokitsch, disco funk, pop/rock alternativo). DJ Fernando Morgado. vídeo Valise d'Images
Dia 7: Planeta Pop (pop alternativo, punk funk, novidades). DJs Electrodomésticos: Paulo Garcia + Paulo Lizardo. Vídeo Valise d'Images

Aqui podem inscrever-se numa mailing list para receber a programação semanal do Incógnito.

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Para 2006: U-Clic

Continuamos a revelar as bandas cujas maquetes nos chegaram este ano e mais nos entusiasmaram (todas elas a pensar em estreia em disco em 2006). Hoje falamos dos U-Clic.
Vêm de Tomar e têm estado a trabalhar, há já algum tempo, na gravação de um EP, que acabou transformado no que será o seu álbum de estreia, e que poderá ter por título Console Pupils, com edição projectada para 2006. Atitude punk e ferramentas electrónicas ao serviço de belas canções simplemente pop, num mundo de referências que vão dos Sonic Youth aos Kraftwerk, como os próprios cantam em Unfashionautic Superstars, fabuloso tema que rodou este ano pelos Discos Voadores, na Radar. As novas canções mostram, face aos temas de uma primeira maquete (disponível no site do grupo), um aprimorar das formas e vincar de personalidade, abrindo apetites para um álbum que se aguarda com ansiedade.
Aqui podem descobrir o percurso da banda e fazer download gratuito dos três temas editados no já esgotado EP de estreia: Robot'N'Roll, Ici In Disneyland e Euro 2.0.0.4. Conhecer as letras das canções num blogue para o qual ali têm um link directo. E ver um primeiro teledisco.

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Downloads sobem 148 por cento nos EUA

O mercado norte-americano de álbuns (formato CD) caiu sete por cento em 2005, com vendas a descer da casa dos 650 para os 602 milhões de unidades. O mercado de DVD musical também caiu, mas na ordem dos 23 por cento. Em contrapartida os downloads cresceram 148 por cento, atingindo um total de 332,7 milhões de vendas. A semana com pico de vendas no mercado por download foi a do Natal, com 9,6 milhões de temas~transacionados. Os CDs repreesentam agora 95 por cento do mercado total, número que se prevê mais baixo no ano que vem.
Em CD o maior sucesso do ano coube a Mariah Carey, cujo álbum mais recente vendeu 4,8 milhões de unidades (muito abaixo de alguns êxitos recentes como os assinados há poucos anos por Santana, N’Sync ou Backstreet Boys, acima dos dez milhões).

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A IMAGEM: Pierre Bonnard, 1921

A Janela Aberta

A 13ª canção

A edição especial de Confessions on a Dance Floor tem uma 13ª canção. Chama-se Fighting Spirit e é uma quase-balada, enredada numa cadência metalizada, com Madonna a refazer os contornos de um tema obsessivo (a solidão): "What you gonna do when your love is gone / Who you gonna play when the game has ended / Where you gonna go when the bird has flown / How you gonna play when you're all alone."
Já disponível no mercado português (por um preço que ronda os 28 €), a edição especial tem um formato rectangular (14 x 22cm) e inclui um livrinho concebido com o mesmo espírito do que integrava a edição normal do CD: as fotografias de Madonna, por Steve Klein, alternam com frases manuscristas (começando por: "A woman has collapsed in the middle of the dance floor.") Há ainda um outro pequeno livro, de facto um bloco de apontamentos, desta vez apenas com o título "Confessions" e alguns versos de Like It or Not (e também alguns desenhos) inscritos como pontuação visual na base das páginas. A edição inclui ainda um passe numerado para inscrição no clube oficial de fãs de Madonna (Icon), com direito a um mês de acesso livre ao respectivo site.

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"Rocky Horror": tesouro nacional americano

Nos EUA, a Library of Congress anunciou a sua habitual lista anual de 25 novos filmes a integrar os tesouros nacionais americanos. Mais concretamente, desde 1989, o sector que superintende as questões de preservação do património fílmico — National Film Preservation Board — estabelece todos os anos quais os títulos que devem ser considerados prioritários para questões de preservação, desse modo ajudando a constituir uma filmoteca de referência para fins patrimonias, educativos e de divulgação. Este ano, entre os filmes escolhidos incluem-se: The Cameraman (Buster Keaton, 1928), uma das obras-primas da comédia do período mudo; Gigante (George Stevens, 1955), título final de James Dean e um dos mais populares grandes espectáculos da década de 50; The Rocky Horror Picture Show (Jim Sharman, 1975), "ópera-happening-musical" que revolucionou o conceito de midnight movie; Hoop Dreams (Steve James, 1994), documentário sobre a trajectória de dois jovens negros, estudantes de liceu, lutando por uma bolsa para jogar basquetebol; Toy Story (John Lasseter, 1995), momento decisivo na evolução da animação digital e, a partir de agora, o título mais recente da lista global do National Film Preservation Board (o anterior era A Lista de Schindler, Steven Spielberg, 1993).
Na apresentação oficial da lista de 2005, James H. Billington fez questão de sublinhar que esta é uma selecção que procura reflectir o lugar dos filmes no imaginário nacional, bem como o seu papel específico em termos cinematográficos, técnicos ou simbólicos: "Os filmes que escolhemos não são necessariamente os 'melhores' filmes americanos ou os mais famosos, mas são filmes que continuam a ter significado cultural, histórico e estético."
* Lista dos 25 filmes no site da Library of Congress.

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quarta-feira, dezembro 28, 2005

Soderbergh: salas + DVD + Net

Promete ser um dos grandes acontecimentos do começo de 2006 (a estreia americana está marcada para 27 de Janeiro): rodado em alta definição, Bubble, o novo filme de Steven Soderbergh, volta a ser um exercício minimalista de produção, com actores completamente desconhecidos e o próprio realizador a assumir as funções de director de fotografia e montador — recorde-se que Soderbergh já tentara algo semelhante em Full Frontal/Vidas a Nu (2002), embora nesse caso com grandes vedetas.
A história centra-se numa fábrica de bonecas de uma pequena cidade do Ohio onde ocorre um misterioso assassinato... A novidade absoluta está no método de lançamento. Decidido a combater a pirataria no seu próprio terreno — ao mesmo tempo levantando questões muito pertinentes, e também muito polémicas, a toda a indústria —, Soderbergh vai lançar Bubble, em simultâneo, em três frentes: nas salas, em DVD e no site da HDNet (uma das entidades produtoras). E este é apenas o primeiro de um conjunto de seis filmes que o realizador de Ocean's Eleven e Ocean's Twelve planeia rodar e difundir do mesmo modo. O cartaz de Bubble diz de forma simples e certeira: "Uma outra experiência de Steven Soderbergh" (entretanto, ainda não existe site, mas o trailer já está disponível).

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Para 2006: Woman in Panic

Na recta final do ano olhamos em frente rumo a alguns nomes que nos poderão acompanhar, em disco, em 2006. Entre as maquetes que nos chegaram este ano, vamos, ao longo dos próximos dias, falar de cinco que gostaríamos de ver em disco.
Começamos pelo projecto Woman in Panic, que chegou às meias-finais do TMN Garage Sessions onde se revelou como o mais original e inspirado dos projectos a concurso. Na maquete Instruments Of Random Murder, que escutámos, Pedro Lourenço (o autor e intérprete) promove essencialmente um debate curioso entre ferramentas electrónicas e a vontade em explorar novas formas de encarar (ou desconstruír) a canção, abrindo também espaço ao design de interessantes devaneios instrumentais onde por vezes ecoam formas que piscam olho ao acid, ao electro e outras referências, mas sempre com evidentes marcas de personalidade. Em palco, no concurso, Pedro apresentou-se na forma de banda, juntando guitarras às electrónicas, criando um estimulante híbrido que justifica claramente registo em disco. Na maquete há belos temas em Eve-o-matic e Sex And Violence, uma belíssima reconstrução em volta da gargalhada feminina de Hungry Like The Wolf dos Duran Duran em asdf e uma magnífica versão de A Forest dos The Cure. Haverá disco em 2006? Esperemos que sim.

Aqui podem escutar dois temas do grupo. Não são os melhores, mas uma porta de entrada…

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Para reflectir sobre o jornalismo

Há dias vi, em DVD, este filme, que passou ao lado das atenções na devida altura. Tem por título Shattered Glass: Verdade ou Mentira (ed. LNK), conta a história, verídica, de um caso de fraude numa revista norte-americana e faz-nos pensar sobre a necessidade em vincar bem os limites entre a realidade e a ficção no contexto de uma atitude jornalística. Esta é a história que, em finais de 90, abalou o The New Republic, uma respeitada revista de actualidade política (que é leitura regular a bordo do Air Force 1, o avião presidencial). Stephen Glass é um jovem jornalista do quadro da revista e freelancer com textos publicados na Rolling Stone, Harper’s Bazar ou George. É, aparentemente, um humilde e tímido repórter, bem humorado e quase mascote da redacção da revista para as páginas da qual traz as mais incríveis histórias de gentes e comportamentos, como a do dia em que se fez passar por psicólogo num programa de rádio e assim denunciou o que dizia serem fraudulentas “psicoterapias” de grupo em FM ou da ocasião em que viu por dentro os bastidores de uma convenção republicana, levantando episódios de álcool e sexo entre os delegados mais jovens. Até ao dia em que publicou Hack Heaven, uma história incrível sobre hackers e eventuais relações de serviços pagos entre estes e companhias e grandes corporações, peça que um colunista da Vanity Fair desmontou pouco depois, ao não encontrar verdades nos factos, nos nomes envolvidos, na própria história em si, toda ela afinal inventada… Num sistema jornalístico como o americano, com hábitos de confirmação de dados e fontes antes da publicação de artigos, as ficções de Stephen Glass passaram o crivo dos supostos detectores de falhas, e surgiram como factos nas páginas da revista, até ao dia em que tudo acabou posto em causa e o jornalista logo foi afastado… O filme coloca o debate sobre certas liberdades (ou perversões) que podem corromper as verdades do jornalismo e a forma como uma conduta fraudulenta pode por em causa toda a imagem e respeito de uma publicação. E levanta ainda uma reflexão sobre a convivência, numa figura só, de evidentes talentos na escrita e tão estrondosas falhas de conduta ética (não deixando clara se ditada por ambição desmedida, se por patológica sede fantasista).
Este é um filme com argumento e realização de Billy Ray e com papel protagonista entregue a Hayden Christensen que, depois de visto nos Episódios II e III da Guerra da Estrelas, não imaginaríamos capaz de criar uma personagem desta dimensão dramática. Consigo contracena Peter Sarsgaard, que brevemente veremos no magnífico Máquina Zero, de Sam Mendes, a estrear a 12 de Janeiro.

Alguns textos de Stephen Glass e o link para a página falsa que criou para o artigo sobre hackers podem ser lidos aqui

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Radar no Porto: um desabafo

Não é a primeira vez que, na caixa de correio do Sound + Vision surgem mails a falar da necessidade de levar as emissões da Radar ao Porto. Não querendo lançar aqui qualquer campanha, podemos todavia dar voz a alguns desses pedidos. O mais recente chegou esta semana, assinado pelo Luís Lisboa. E reza assim:
Venho por este meio questionar quando é que alguém terá a ideia luminosa de passar a emitir a Radar no Porto?
Eu vivo na cidade invicta e é lastimável que não exista uma rádio com a minima qualidade radiofónica. Desde que a XFM e depois a Voxx deixaram de existir o deserto no panorama radiofónico na segunda cidade deste país tornou-se eternamente presente.
É deveras deprimente não se poder ouvir um programa de rádio com a mínima qualidade, através do qual se possa escutar novas sonoridades, se possam ouvir bons debates sobre música ou qualquer outra coisa. Obviamente existem algumas raras excepções como são exemplo "A hora do lobo" ou o "Coyote" mas fora isso nada resta.
Sempre que vou a Lisboa ouço a Radar (já está previamente sintonizada no rádio do meu automóvel) e por isso lanço este apelo: se é possível manter uma rádio com as características da Radar em Lisboa, não será viável fazer o mesmo no Porto? Julgo que não é por falta de ouvintes pois concertos como os de Sigur Rós, Bauhaus ou Antony & the Johnsons esgotaram facilmente e este é o tipo de música que facilmente é transmitida na Radar.
Bem sei que obter licenças para emissão radiofónica não é fácil mas da mesma forma que a Cidade conseguiu adquirir a frequência da Voxx porque é que a Radar não adquire uma outra frequência qualquer
?”

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2 x Duras (hoje na Cinemateca)

Na história do cinema moderno, Marguerite Duras (1914-1996) ocupa um lugar único — como se tivesse edificado um país onde todos podemos circular mas que, em boa verdade, apenas ela conhece e pode dar a conhecer nas suas mais remotas significações. O impacto internacional da adaptação cinematográfica do seu romance O Amante (Jean-Jacques Annaud, 1992) terá sido importante para a sua divulgação junto de um público mais alargado; em todo o caso, tal adaptação não faz justiça ao radicalismo interior da sua escrita e à sua deslumbrada entrega aos desígnios mais insensatos do amor.
Daí a oportunidade magnífica de poder descobrir, na Cinemateca, dois dos seus filmes, por ela rodados a partir de um dos seus textos mais luminosos: India Song. Ao filmar India Song (1975) — na foto —, Duras criou uma espécie de nova música narrativa: é algo que passa pela espantosa banda sonora de Carlos D'Alessio, mas que se sustenta do paradoxo vivo das palavras, cristalinas e enredadas em repetições cada vez mais sedutoras e encantatórias.
De tal modo assim é que Duras decidiu "duplicar" o seu filme: conservando o texto tal e qual, mas dispensando os actores. Resultado: uma espécie de ópera ciciada em que a espessura das palavras circula pelas desencantadas ruínas dos cenários (ou pelos cenários entendidos como o resto que fica sempre por dizer). O título do filme retoma uma das frases mais célebres do livro: Son Nom de Venise dans Calcuttá Désert (1976) — e pode também ser visto na Cinemateca.
* Hoje na Cinemateca: India Song (19h30) e Son Nom de Venise dans Calcuttá Désert (22h00).

A IMAGEM: Cindy Sherman, 1978

Cindy Sherman, Untiteled Film Still #21 (1978)
MoMA, Nova Iorque

2005 segundo Pedro Ramos

Mais um olhar retrospectivo sobre 2005, hoje assinado por Pedro Ramos, a voz que assina as tardes na Radar, e o apresentador da rubrica OK Computador

Filmes:
1. “No Direction Home”, de Martin Scorsese
2. “Um Peixe For a de Água”, de Wes Anderson
3. “Alice”, de Marco Martins
4. “Dentro de Garganta Funda”, de Fenton Bailey e Randy Barbato
5. “Million Dollar Baby”, de Clint Eastwood

Discos:
1. The Arcade Fire, “Funeral”
2. Bright Eyes, “I’m Wide Awake it’s Morning”
3. World Leader Pretend, “Punches”
4. Rufus Wainwright, “Want (Two)”
5. Richard Swift, “The Novelist”
6. Editors, “The Back Room”
7. Franz Ferdinand, “You Could Have it so Much Better”
8. Sufjan Stevens, “Illinoise”
9. Spoon, “Gimme Fiction”
10. Wolf Parade, “Apologies to Queen Mary”

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Viva os noivos!

Tim Burton não será exactamente um re-tratista de figuras humanas. Ou melhor: para ele, o corpo humano não é algo que possa ser "reprodu-zido", antes existe como matéria dispo-nível para ser transfigurada e, em última instância, re-inventada. Daí que, nos seus filmes, cada um possa ser sempre dúplice (Batman) ou, por razões tragica-mente poéticas, o corpo possa ter tanto de carne como de metal (Eduardo Mãos de Tesoura). Daí também a velha paixão de Burton por bonequinhos animados pelas velhas técnicas de stop motion: gesto a gesto, imagem a imagem, nascem movimentos, intenções, subtilezas e afectos, enfim, contam-se histórias. Foi assim em O Estranho Mundo de Jack (co-realizado com Henry Selick), já lá vão doze anos, volta a ser assim em A Noiva Cadáver (agora em colaboração com Mike Johnson).
Em boa verdade, não há grande diferença estrutural entre um filme como A Noiva Cadáver e qualquer outro título de Tim Burton aparentemente mais "humanizado". Desde logo, porque o realizador se mantém fiel aos "seus" actores — Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Albert Finney, Christopher Lee, etc. — e, claro, ao seu sempre surpreendente compositor, o fidelíssimo Danny Elfman. Depois, porque a história do noivo (de uma criatura humana) que fica comprometido com uma inesperada donzela (outrora humana, agora instalada no lado de lá... dos mortos) é mais uma irresistível variação sobre uma central questão "burtoniana": a da cândida a-moralidade do amor face à burocracia dos costumes e das leis de bom comportamento. O filme começa em tons muito sombrios, apenas porque é assim o país dos vivos — é preciso que os mortos comecem a cantar e a dançar para descobrirmos o prazer das cores...

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terça-feira, dezembro 27, 2005

Pet Shop Boys em disco e musical

Os Pet Shop Boys editam o novo álbum Fundamental a 17 de Abril, mas já há quem o tenha escutado. De resto, no próprio site oficial dos Pet Shop Boys abre-se um link para um site (mais blogue que site) inglês, o Popjustice, que faz uma análise detalhada do álbum, claramente demonstrando conhecer profundamente a obra de Neil Tennant e Chris Lowe. Segundo o Popjustice, o novo disco dos Pet Shop Boys, que contou com Trevor Horn na produção, é o seu melhor álbum desde Very (1993). O disco parece estar dividido entre temas de dança (seis) e baladas e mid tempos (outros seis), recuperando a lógica dos melhores álbuns do duo, precisamente Very e Behaviour. O disco será precedido por um single, Minimal, um devaneio electro minimalista que encantou quem o já ouviu (ainda não foi o nosso caso). Para aguçar os apetites, aqui fica o alinhamento de Fundamental, tal e qual apresentado no site oficial dos Pet Shop Boys:

1. God willing
2. Minimal
3. The Sodom and Gomorrah Show
4. I'm with Stupid
5. Psychological
6. I made my excuses and left
7. Integral
8. Numb
9. Luna Park
10. Casanova in Hell
11. Twentieth Century
12. Indefinite leave to remain


Antes do album, os Pet Shop Boys estarão na berlinda graças a um espectáculo musical que estreia dia 25 de Janeiro em Melburne, na Austrália. Chama-se Seriously (logotipo a ilustrar este post) e não é mais que um musical que não envolve qualquer carga teatral, apenas um programa de versões de canções dos Pet Shop Boys para cinco vozes, um piano e um quarteto de cordas.

Site oficial dos Pet Shop Boys
Popjustice

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Agenda de Concertos

Mais uma actualização do guia de sugestões Sound + Vision para os próximos tempos em palcos portugueses. Em diversos comprimentos de onda, muitos motivos para não ficar em casa:

Dezembro
Woody Allen
. Dia 27, CCB (Lisboa)
Pop Dell’Arte. Dia 29, Lux (Lisboa)
Isaac Haayes. Dia 31, Casino (Estoril)

Janeiro
Carlos do Cramo
. Dia 7, Casa da Música (Porto)
Maria Rita. Dia 7, Coliseu dos Recreios (Lisboa)
God Is An Astronaut. Dia 13, Santiago Alquimista (Lisboa) Primeira parte Linda Martini
Artur Pizarro. Dia 14, Casa da Música (Porto)
Mécanosphere. Dia 16, Teatro do Campo Alegre (Porto)
Matthias Goerne. Dia 22, Casa da Música (Porto)
Patricia Barber. Dia 23, CCB (Lisboa)
Sequeira Costa. Dia 26, Casa da Música (Porto)
ByPass + Ölga + Lemur. Dia 27, Caixa Económica Operária (Lisboa)
Loosers + Linda Martini + Caveira. Dia 28, Caixa Económica Operária (Lisboa)

Fevereiro
Depeche Mode. Dia 8, Pavilhão Atlântico (Lisboa) Primeira parte The Bravery
Brad Mehldau. Dia 10, CCB (Lisboa)
Bauhaus. Dia 17, Coliseu (Porto)
Yann Tiersen. Dia 27, CCB (Lisboa)

Abril
Michael Nyman. Dia 29 Cine Teatro Micaelense (Ponta Delgada). Dia 30 no Cine Teatro (Alcobaça)

Maio
Yann Tiersen.
Dia 20, Casa da Música (Porto)

Agosto
Rolling Stones
. Dia 12, Estádio do Dragão (Porto)

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SINGLES: Rolling Stones, 1964

Tinha passado um ano e meio desde a primeira apresentação pública dos Rolling Stones, o que aconteceu no londrino Marquee, em Julho de 1962. Na formação do grupo não militavam ainda Charlie Watts nem Bill Wyman, cabendo claramente todo o protagonismo musical e performativo a Jagger, Richards e ao grande timoneiro Brian Jones. Os blues corriam-lhes no sangue e rapidamente uma Londres aberta a novas experiências adoptou-os pela ousadia, pela diferença e, mais tarde, um sentido de oposição aos Beatles, detectado e explorado por Andrew Loog Oldham, empresário que os descobre durante uma residência no Crawdaddy Club, de onde partem para um acordo editorial com a Decca Records. Estreiam-se discretamente em Junho de 1963 com uma versão de Come On, de Chuck Berry, ao que fazem seguir um single com uma cover… dos Beatles (I Wanna Be Your Man). Em inícios de 1964 conquistam o seu primeiro grande êxito com Not Fade Away, de Bo Didley. E meses depois, com It’s All Over Now, uma pérola pop da dupla Womack & Womack, conquistam o primeiro número um Inglaterra. O entusiasmo d momento levou a editora portuguesa a apostar pela primeira vez no novo grupo inglês, editando um EP no qual (com capa de Hélder Pereira) juntam ao novo single três temas extraídos do álbum de estreia editado pouco tempo antes, entre os quais um original de Jagger e Richards, Tell Me. O texto na capa do EP refere que “largamente ultrapassaram os famosos Beatles” e diz que “Os Rolling Stones são mais do que um conjunto – são a representação duma época”. Começava uma relação com Portugal que só teria direito a primeiro concerto quase 30 anos depois, em 1990.

THE ROLLING STONES “It’s All Over Now” (Decca, 1964)
Lado A: It’s All Over Now (Womack-Womack) + Carol (Barry)
Lado B: Tell Me (You’re Coming Back) (Jagger/Richards) + Can I Get A Witness (Holland- Dozier-Holland)
Edição portuguesa


A assinalar a expoisção de singles e EPs portugueses dos anos 60 e 70 na Carbono (ver post esta semana), dedicamos o SINGLE de hoje ao primeiro EP dos Rolling Stones em Portugal (uma peça muito rara no circuito de coleccionismo).

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2005 por Mário Lopes

Continuamos a rever o ano através de alguns amigos. Hoje publicamos as escolhas de 2005 segundo Mário Lopes, jornalista do Público que explica, antes das listas, que "em 2005, o meu cinema, algo desgraçadamente, foi mais feito da recuperação caseira de clássicos que de deslocação às salas (ganhou-se em assombro, perdeu-se em actualidade). Num top 20 entre sofá e cadeira na sala, cinco obras com data 2005 marcariam presença". Aqui estão:

Filmes:
1. "De Tanto Bater O Meu Coração Parou", de Jacques Audiard
2. "Dig!", de Ondi Timoner
3. "Tarnation", de Jonathan Caoette
4. "Grizzly Man", Werner Herzog
5. "Um Peixe Fora De Água", de Wes Anderson

Discos:
1. LCD Soundsystem, "LCD Soundsystem"
2. Animal Collective, "Feels"
3. The Go! Team, “Thunder Lightning Strike!”
4. Franz Ferdinand, "You Could Have so Much Better"
5. Fiery Furnaces, “EP”
6. Devendra Banhart, "Cripple Crow"
7. Black Rebel Motorcycle Club, "Howl"
8. Kanye West, "Late Registration"
9. Six Organs of Admittance, "School of the Flower"
10. Howling Hex, “You Can’t Beat Tomorrow”

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segunda-feira, dezembro 26, 2005

Um primeiro olhar sobre 2006

Contas feitas sobre os discos de 2005, naturalmente já apontamos baterias a 2006. O ano anuncia-se cheio de boas ideias, com discos recomendáveis logo a partir de 2 de Janeiro. O primeiro dia de lojas abertas do ano recebe First Impressions On Earth, dos Strokes, um dos mais aguardados álbuns dos últimos tempos, que deixará satisfeitos todos os que esperavam sinais de mudança no segundo disco dos nova-iorquinos, que então resolveram fazer um pouco de vira-o-disco e toca o mesmo, mas com boas canções. Este sim, tem novidades e, mesmo não sendo tão candidato a marco na história da música como o foi Is This It, é uma bela maneira de começar o ano. Janeiro recebe ainda discos dos Arctic Monkeys (que têm de provar que são mais que uma boa canção), Richard Ashcroft e, diz-se, o também muito aguardado At War With The Mystics, dos Flaming Lips. O melhor disco de Janeiro cabe, contudo, a uma edição de 2005 que recolhe dois álbuns antigos de Richard Swift, de quem aqui demos notícia há uma semana. The Novelist (na imagem) e Walking Without Effort são duas pérolas de escrita e interpretação, simples mas eloquentes, revelando um dos mais talentosos singer/songwriters da nova geração americana. O ano que vem vai fazer dele uma figura familiar já que, além da esperada euforia em torno deste álbum, se espera um novo disco de originais, em Março.
Do centro de produção nacional, Janeiro abre com a compilação POPlastik, dos Pop Dell’Arte (sai dia 16), que inclui três inéditos (dois originais e uma versão). O disco documenta com um belíssimo alinhamento os 20 anos da vida de uma das mais imaginativas bandas da história pop portuguesa. Ainda em Janeiro saem novos discos dos X-Wife, Aldina Duarte e Jacinta, assim como uma compilação que assinala os 30 anos de carreira de Vitorino.
Depois de um Fevereiro de bons hors d’ouevres, o ano editorial continua em Fevereiro com discos dos Belle & Sebastian (muito aquém do que nos habituaram, no seu pior disco de sempre), Scissor Sisters, Tiga (edição nacional), Sparks, Ray Davies, Pharell Williams e, esteja pronto, o novo Radiohead (que certamente acabará adiado…). Por cá, é editada a estreia dos Cindy Kat e uma homenagem aos 25 anos dos GNR, um tributo com versões por bandas hip hop e r&B… A ouvir…
Março é o mês de Morrissey editar Ringleader Of The Tormentors e de Graham Coxon lançar novo disco a solo. E, não haja novo adiamento, chegará então o novo dos Outkast. Em Abril estão previstos álbuns de originais de Prince (3121), Pet Shop Boys (Fundamental, produzido por Trevor Horn), The Cure e Red Hot Chilli Peppers. A fechar o primeiro semestre esperam-se novas dos Muse(Maio). Para o Verão talvez o prometido novo Duran Duran.
Sem data de edição marcada, haverá novos discos dos Pearl Jam, Blur, David Bowie e R.E.M.. E ainda o DVD e disco ao vivo dos Humanos. Fala-se do novo Arcade Fire, do novo Interpol, de uma compilação de lados B dos Oasis… E a estes juntar-se-ão muitos mais. Vem aí bom ano!

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Carbono expõe discos e EPs raros

A Carbono, uma das mais recomendáveis discotecas de Lisboa, frequentemente atenta ao melhor das várias tendências alternativas e com uma secção bem recomendável de discos e DVDs usados, brinda os seus clientes nesta quadra com uma exposição dos mais raros singles e EPs portugueses dos anos 60 e 70. Os discos, expostos ao fundo da loja, mostram como eram únicas as capas dos singles e EPs portugueses da época, sistematicamente diferentes das edições internacional e com regras gráficas, letterings e manchas gráficas semelhantes entre si. A exposição mostra, entre outros, os primeiros EPs dos Beatles, Rolling Stones, Beach Boys, Kinks, Bob Dylan, Jimi Hendrix ou The Who, todos eles raríssimos. Há ainda singles dos Pink Floyd e David Bowie, para deliciar melómanos e coleccionadores. Os discos são de Heitor de Vasconcelos, um dos mais notáveis coleccinadores de vinil portugueses, sobretudo conhecido pela sua completíssima colecção de discos de Amália Rodrigues. A exposição é, contudo, como a palavra indica, só para ver. Ou seja, estes discos não estão à venda!

Carbono, Rua do Telhal, 6 B

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Tele-lixo invade o Natal dos discos

Este ano o Natal americano sorriu a Mariah Carey, que somou o seu 17º número um em 15 anos de carreira, igualando o palmarés de Elvis Prseley, e estando agora a apenas três números um de bater os Beatles! Como é possível?... Podemos aqui falar do mau gosto transversal ao grande mercado norte-americano, mas ao menos a senhora é uma cantora com carreira feita na música, discos, concertos e o que a praxe manda. Ou seja, com mau ou bom gosto, trabalhou para os 17 números um...
Mas no Reino Unido, o número um natalício foi para um daqueles artistas que, daqui a um ano, se não for a ajudinha das revistas de mexericos e desgraças, estará tão esquecido como o seu êxitozinho do momento. Ele chama-se Shayne Ward e venceu o X-Factor, um dos reality shows que fazem a ementa farta da tele-vida bife actual. Editou um single de estreia, e logo na primeira semana vendeu 300 mil cópias! Ou seja, mais 230 mil que o single de beneficência dos Band Aid 20 que foi número um natalício em 2004! Consoada “foleira” para a música inglesa, com o top decididamente invadidos pelos singles-fenómeno das carreiras-fogacho das tele-vedetas que o são por terem feito figura de tontos durante não sei quanto tempo numa quinta, num regimento ou numa panela com minhocas.
Por cá tivemos o single do Marco-do-pontapé, que vendeu uma resma de cópias e logo acabou esquecido. Os Operações Triunfos 2 já nem gravaram discos, tal foi o fiasco dos colegas da primeira série… Temos, ao seu jeito, tele-lixo D’ZRT, é verdade. Mas as Miritas e Lálás dos reality shows tele-lusitanos ainda não gravam discos. Quer dizer… por enquanto.

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2005 por Inês Meneses

Depois de uma semana de revisão exaustiva do ano, convidámos uma série de amigos, profissionais dos media, a dar-nos, ao longo dos próximos dias, as suas escolhas do ano no cinema e música. Começamos hoje com as listas de Inês Meneses, a responsável pelas manhãs da Radar e pelo programa “Fala Com Ela”

Filmes:
1. Reis e Rainha, de Arnaud Desplechin
2. Tarnation, de Jonathan Caoette
3. De tanto bater o meu coração parou, de Jacques Audiard
4. Charlie e a Fábrica de chocolate, de Tim Burton
5. Alice, de Marco Martins

Discos:
1. Funeral, Arcade Fire
2. Illinoise, Sufjan Stevens
3. Want (Two), Rufus Wainwright
4. The Back Room, Editors
5. Punches, World Leader Pretend
6. EP, Fiery Furnaces
7. The Magic Numbers, The Magic Numbers
8. Extraordinary Machine, Fiona Apple
9. Has a Good home, Final Fantasy
10. I’m a Bird Now, Antony and the Johnsons

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domingo, dezembro 25, 2005

Winnie The Pooh surgiu há 80 anos

Winnie The Pooh faz hoje 80 anos. Criado pelo escritor inglês Alan Alexander Milne, o pequeno ursinho de pouca inteligência, mas louco por potes de mel, surgiu pela primeira vez nas páginas do London Evening News no dia de Natal de 1925. A ideia nascera algum tempo antes, quando Alan visitara o jardim zoológico com o seu filho Christopher Robin, ambos então deliciados pelos jeitos de uma dócil ursa, Winnipeg, que havia sido recentemente doada ao zoo londrino. Era uma ursa canadiana, descoberta em White River, no Ontário, e feita mascote por uma divisão de soldados que a trouxeram, às escondidas, para Inglaterra, durante a I Guerra Mundial. Terminada a guerra, entregaram-na ao jardim zoológico, onde foi muito visitada e admirada. O ursinho Pooh surgiu da imaginação de Alan Milner, primeiro dando nome a um peluche e, logo a seguir, em histórias que contava ao seu filho, usando o próprio Christopher Robin como personagem, assim como outros dos seus bonecos, como o tigre Tigger ou o porquinho Piglet. Viviam todos no Hundred Acre Wood, um bosque inspirado pela Ashdown Forest, em East Sussex.
Poucos meses depois da estreia no jornal, o ursinho Pooh deu origem a um livro, Winnie The Pooh, com as histórias de Alan Milner e ilustrações de E.H. Shepard. Nos anos seguintes o escritor publicou mais um livro de contos e dois de poemas, todos eles com desenhos do mesmo ilustrador. Em 1929 Milner vendeu os direitos de merchandising de Pooh a um americano, Steven Slesinger, que gradualmente o transformou num negócio rentável.
Em 1961 a Disney comprou os direitos de Pooh para o cinema, estreando-o pouco depois em curtas metragens inspiradas nas histórias originais de Alan Milner. Todavia, quando Pooh teve a sua primeira longa metragem, em 1977, The Many Adventures Of Winnie The Pooh, sinais de americanização do universo em redor do ursinho eram já evidentes. Desde finais de 70, Winnie The Pooh tornou-se num dos mais bem sucedidos franchises da Disney, com uma série de filmes para cinema e longas metragens apenas para vídeo e DVD lançados regularmente, entre os quais os entre nós estreados The Tigger Movie, Piglet’s Big Movie e Pooh’s Heffalump Movie.
Apesar do ar cândido do ursinho e da placidez do bosque em que vive com os amigos e o tom positivo e humanista das histórias que protagoniza, nem tudo é tranquilidade no ambiente que o rodeia. A família de Milner tentou disputar direitos autorais com a Disney numa batalha judicial nos anos 90, e perdeu, depois de inicialmente ter conseguido uma indemnização de 66 milhões de dólares. Mais recentemente, a filha de Christopher Robin tentou tirar os direitos de exploração de merchandise aos herdeiros de Slesinger, e perdeu… Como se não bastasse, a Disney já anunciou que, na nova série de desenhos animados que estreará em 2007, o companheiro de Pooh não será mais o pequeno Christopher Robin, mas antes uma rapariga ruiva… Pouco pacífico é ainda o facto dos peluches que inspiraram os contos de Winnie The Pooh estarem na Public Library de Nova Iorque, havendo muitos ingleses a reclamar a sua repatriação como património cultural britânico.

Trivia Pooh: Este é um ursinho globalmente popular. Uma rua de Varsóvia tem o seu nome. E nas Filipinas e em Hong Kong é a mais popular das figuras da Disney. A casa onde viveu Milner, filho e ursinho Pooh foi, nos anos 60, habitada por Brian Jones, dos Rolling Stones, que encontrou a morte numa piscina ao lado de uma pequena estátua com o ursinho...

A IMAGEM. A fotografia que ilustra este post mostra o pequeno Christpher Robin com o seu peluche a quem deu o nome Winnie The Pooh. Imagem de 1928, tirada por Marcus Adams, exposta na National Portrait Gallery, em Londres.

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sábado, dezembro 24, 2005

Sound + Vision deseja um feliz Natal

Keith Haring, 1987
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Discos Voadores, 24 Dezembro

Esta semana os Discos Voadores foram mais feitos de música que de conversa, obra e graça de uma rouquidão inoportuna. Mas como the show must go on, a emissão seguiu o seu curso quase normal, continuando a revisão de momentos de 2005, nomeadamente algumas das novas bandas reveladas este ano e recordando uma série de reedições que chegaram aos escaparates nestes últimos 12 meses. Em fim de semana natalício, a segunda hora arrancou com uma série de ofertas de Natal, visto de ângulos “alternativos”, dos Pop Dell’Arte aos They Might Be Giants.

Rufus Wainwright “Spotlight On Christmas”
The Strokres “Ask Me Anything”
Pop Dell’Arte “J’ai Oublié (All My Life)”
Depeche Mode “A Pain I’m Used To (Telex Remix)”
Cindy Kat “Polaroide”
U-Clic “Unfashionautic Supersatars”
Woman In Panic “ASDF”
Protocol “She Waits For Me”
The Cloud Room “Beautiful Mess”
Every Move A Picture “Signs Of Life”
White Rose Movement “Love Is A Number”
Bloc Party “Banquet”
Arctic Monkeys “I Bet You Look Good On The Dance Floor”
Art Brut “Emily Kane”
DK7 “White Shadow”
The Juan McLean “Shining Skinned Friend”

Pop Dell’Arte “Little Drama Boy”
Lou Reed “Xmas In February”
Antony + George “Happy Xmas (War Is Over)”
Tom Waits “Christmas Card From A Hooker In Minneapolis”
Orso “Xmas Tomorrow”
Associates “The Little Boy That Santa Claus Forgot”
Erlend Oye “Last Christmas”
They Might Be Giants “Santa’s Beard”
Neutral Milk Hotel “The Kings Of carrots Flower”
REM “Crushed With Eyeliner”
Eurythmics “Your Time Will Come”
Patti Smith “Gloria (live 05)”
Radio Macau “O Elevador da Glória”
Franz Ferdinand “Sexy Boy”
Arcade Fire “Old Flame”

Discos Voadores. Sábados 18.00-20.00 / Domingos 22.00-24.00
Radar 97.8 FM

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Discos de 2005: DN:música

A edição de ontem do suplemento DN:musica, do Diário de Notícias, publicava as listas dos melhores discos do ano segundo votação interna dos jornalistas e críticos que semanalmente escrevem estas páginas. As votações decretaram como álbum nacional do ano a recentemente editada banda sonora de Alice, por Bernardo Sassetti. Da produção internacional destacou-se Funeral dos Arcade Fire. O suplemento foi integralmente dedicado a listas de preferências, incluindo world music, clássica e DVD musical. E, claro, as escolhas dos leitores, onde se notam sinais de identificação interessantes. Para quem não conseguiu encontrar o jornal, ou mora longe de portas, aqui ficam algumas das listas.

Nacional:
1. Bernardo Sassetti, “Alice”
2. Mafalda Arnauth, “Diário”
3. Katia Guerreiro, “Tudo ou Nada”
4. Clã, “Vivo”
5. Mariza, “Transparente”
6. Cristina Branco, “Ulisses”
7. David Fonseca, “Our Hearts Will Beat As One”
8. Rocky Marsiano, “The Pyramid Sessions”
9. Mesa, “Vitamina”
10. Blind Zero, “The Night Before And A New Day”
11. Old Jerusalem, “Twice The Humbling Sun”
12. Boss AC, “Ritmo, Amor e Palavras”
13. Da Weasel, “Ao Vivo Nos Coliseus”
14. Vitorino, “Ninguém Nos Ganha aos Matraquilhos”
15. Sagas, “Rostu Limpu”
16. Post Hit, “Post Hit”
17. Margarida Pinto, “Apontamento”
18. Funami, “Funami”
19. Expensive Soul, “BI”
20. Armando Teixeira, “Made To Measure”

Internacional:
1. Arcade Fire, “Funeral”
2. Antony And The Johnsons, “I’m A Bird Now”
3. Rufus Wainwright, “Want (Two)”
4. Sufjan Stevens, “Illinoise”
5. LCD Soundsysten, “LCD Soundsystem”
6. Patrick Wolf, “Wind In The Wires”
7. Sigur Rós, “Takk”
8. Fiery Furnaces, “EP”
9. Animal Collective, “Feels”
10. Franz Ferdinand, “You Could Have It So Much Better”
11. Nine Horses, “Snow Borne Sorrow”
12. Jamie Lidell, “Multiply”
13. Efterklang, “Tripper”
14. White Stripes, “Get Behind Me Satan”
15. Brian Eno, “Another day On Earth”
16. Paul McCartney, “Chaos And Creation In The Backyard”
17. Madonna, “Confessions On A dance Floor”
18. The Kills, “No Wow”
19. Gorillaz, “Demon Days”
20. Andrew Bird, “The Mysterious Production Of Eggs”

DVD Muiscal:
1. Bob Dylan/Martin Scorsese, “No Direction Home”
2. Kraftwerk, “Minimum Maxiumum”
3. Rufus Wainwright, “All I Want”
4. Martin Scorsese e outros, “The Blues”
5. Jonathan Glazer, “The Work Of Director Jonathan Glazer”
6. Franz Ferdinand, “Franz Ferdinand”
7. Anton Corbijn, “The Work Of Director Anton Corbijn”
8. Philip Glass, “Looking Glass”
9. Mark Romank, “The Work Of Director Mark Romanek”
10. Clã, “Gordo Segredo”
11. Pixies, “Sell Out”
12. Björk, “Medúlla Special”
13. Klaus Nomi/Andrew Horn, “The Nomi Song”
14. New Order, “Story”
15. Duran Duran, “Live From London”
16. David Bowie, “Love You Till Tuesday”
17. Adriana Partimpim, “O Show”
18. Jacques Brel, “Les Adieu A L’Olympia”
19. Johnny Cash, “Live At Montreux 1994”
20. The Divine Comedy, “Live At London Palladium”


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SINGLES: Wham!, 1984

O Natal há muito que inspira músicos (e editores) que, sem falha, todos os anos colocam no mercado canções de apelo à quadra (e à sede consumista que se apodera dos ocidentais nesta altura do ano). Na maior parte dos casos, os discos de Natal giram à volta de versões e regravações dos clássicos tradicionais, de White Christmas a Little Drummer Boy, e poi aí adiante. Contudo há excepções, e a que os Wham! (George Michael e Andrew Ridgley) gravaram para o Natal de 1984 ficou na história como uma das mais populares (não necessariamente uma das melhores…). Cada vez mais longe do som white funk que havia dominado o álbum de estreia do grupo em 1983, os Wham! de 84 eram estrelas planetárias pop maisntream, jogando o jogo da melodia certa, do arranjo unânime, do apelo geral… Com êxitos como Wake Me Up Before You Go Go e Freedom somados ao longo do ano e o álbum Make It Big entre os mais populares do momento, prepararam um single especial para o mercado de Natal. Last Christmas é uma canção peganhenta, fácil, mas de tanto ouvida acabou no lote dos clássicos do seu tempo. Está longe de ser das melhores dos Wham! (antes pelo contrário), e tinha um teledisco de fugir. Bem mais interessante era a remistura de Everything She Wants (o melhor tema do álbum editado meses antes), lado B que na semana posterior ao Natal passou a lado A, com nova capa e somando mais um triunfo na carreira do grupo, atingindo só então o número um inglês, já que a edição original, com Last Christmas no lado A, foi impedida de chegar ao topo da tabela por Do They Know It’s Christmas, dos Band Aid.

WHAM! “Last Christmas” (Epic, 1984)
Lado A: Last Christmas (George Michael)
Lado B: Everything She Wants (George Michael)
Produção: George Michael
Posição mais alta no Reino Unido: 2
Editado em Portugal pela CBS


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NATAL: Spike Jones, 1956

Em semana de Natal visitámos aqui alguns dos discos menos “convencionais” que assinalaram a quadra, do olhar recente da família McGarrigle/Wainwright às visões góticas de Danny Elfman, passando por leituras por Phil Spector, James Brown e uma série de olhares por bandas alternativas em Seasonal Greetings. Terminamos hoje este olhar por outros natais com um clássico, todavia diferente dos então populares discos de canções Natal editados pelas vozes daquele tempo, de Sinatra a Elvis. Xmas Spectacular foi o corolário, em 1956, de uma série de gravações de Natal editadas pelo inventivo Spike Jones que, com os seus City Slickers, assinou entre os anos 40 e 50 uma carreira de sucesso musical humorista. 50 anos antes das ferramentas de corte e colagem hoje vulgarizadas, Spike Jones criava uma música repleta de incidentes pontuais, intervenções sonoras, efeitos, que manipulava em tempo real em estúdio. A sua primeira abordagem aos espaços musicais do Natal aconteceu em 1945, quando gravou o hoje célebre The Nutcracker Suite como prenda de Natal para a filha, de cinco anos, que a recebeu com certa apatia. A longo dos 11 anos seguintes Spike Jones gravou regularmente canções “de Natal”, com a sua imagem de marca humorística, com particular sucesso em 1948 ao som de All I Want For Christmas (Is My Two Front Teeth). Em 1956 Spike Jones editou, pela Verve, Xmas Spectacular, disco que esta esdição em CD (de 1998) recupera, juntando algumas faixas adicionais, oferecendo-nos um panorama natalício segundo um inspirado músico hoje injustamente muito esquecido.

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sexta-feira, dezembro 23, 2005

Sound + Vision: Discos 2005

Sufjan Stevens

Quinto dia de listas no Sound + Vision, a ouvir os melhores discos do ano (que também publicamos no DN:música de hoje). Listas separadas para a oferta nacional e internacional.

Nuno Galopim

Nacional:
1. Alice, Bernardo Sassetti
2. Transparente, Mariza
3. Vivo, Clã
4. Our Hearts Will Beat As One, David Fonseca
5. The Pyramid Sessions, Rocky Marsiano
6. Diário, Mafalda Arnauth
7. Tudo ou Nada, Katia Guerreiro
8. Soma, The Ultimate Architects
9. Post Hit, Post Hit
10. Vitamina, Mesa

Internacional:
1. Funeral, Arcade Fire
2. Illinoise, Sufjan Stevens
3. Want (Two), Rufus Wainwright
4. Another Day On Earh, Brian Eno
5. Feels, Animal Collective
6. I'm A Bird Now, Antony & The Johnsons
7. Wind In The Wires, Patrick Wolf
8. You Could Have It So Much Better, Franz Ferdinand
9. The Back Room, Editors
10. Handwriting, Khonnor

O pior ano pop/rock português desde 1979! Salvos, por aqui, pelo fado, o jazz e a banda sonora de Alice... E por agora ficamos por aqui, que brevemente haverá reflexão detalhada na área... Lá fora, um dos melhores anos dos últimos tempos em diversas frentes. Rock em alta, da reinvenção pós-punk a experiências mais visionárias. DFA em grande. Canadá a inscrever-se no mapa das prioridades. Veteranos em regressos dignos dos maiores elogios. A lista é de apenas dez títulos, mas a ela podemos acrescentar discos como EP dos Fiery Furnaces, The Witching Hour dos Ladytron, Orion de Philip Glass, Capture/Release dos The Rakes, Silent Alarm dos Bloc Party, Bang Bang Rock'N'Roll dos Art Brut, Demon Days dos Gorillaz, The Mysterious Productin Of Eggs de Andrew Bird, Adieu Tristesse de Arthur H, Monsters In Love dos Doinysos, LCD Sundystem dos LCD Soudsystem, Less Than Human de The Juan McLean, The Man Who Ate The Man dos Magnétophone, Confessions On A Dance Floor de Madonna, Aerial de Kate Bush, Takk dos Sigur Rós, Snow Bourne Sorrow dos Nine Horses, Digital Ash In A Digital Urn dos Bright Eyes, Wild Light de Mount Sims, Disarmed dos DK7, The Light At The End Of The Tunnel Is A Train de Whitey, The Cloud Room dos The Cloud Room, Guero de Beck, Playing The Angel dos Depeche Mode, Employment dos Kaiser Chiefs ou Get Behind Me Satan dos White Stripes, entre outros mais. Boas revelações com Protocol, White Rose Movement, She Wants Revenge, Baumer, Presets, Every Move A Picture, Editors, Final Fantasy, Martha Wainwright... Entre nós, estão sob escuta Cindy Kat, U-Clic, Woman In Panic, Garbo e How Comes The Constellations Shine, à espera de discos em 2006. N.G.

João Lopes

Nacional:
1. Tudo ou Nada, Katia Guerreiro
2. Ascent, Bernardo Sassetti
3. Alice, Bernardo Sassetti
4. Diário, Mafalda Arnauth
5. Ulisses, Cristina Branco
6. Ao Vivo em Lisboa, Joana Amendoeira
7. Vivo, Clã
8. The Night Before and a New Day, Blind Zero
9. Our Hearts Will Beat as One, David Fonseca
10. Post Hit, Post Hit

Internacional:
1. Horses/Horses, Patti Smith
2. No Wow, The Kills
3. Illinoise, Sufjan Stevens
4. I’m a Bird Now, Antony & the Johnsons
5. Want Two, Rufus Wainwright
6. Funeral, Arcade Fire
7. Confessions on a Dance Floor, Madonna
8. Devils And Dust, Bruce Springsteen
9. Guero, Beck
10. Cold Roses, Ryan Adams

Patti Smith? Você disse Patti Smith?... É verdade: a par dos sons-do-desencanto-deste-tempo (Antony, Rufus, etc.), alguns fantasmas não necessariamente assombrados, mas sempre assombrosos, andaram por aí a dar lições de simples fidelidade à sua verdade artística. Mas nem mesmo os mais velhos encaixaram na patética "nostalgia" que as televisões tanto gostam de promover. É normal: as televisões vivem de uma cegueira militante face à complexidade estética do presente e até mesmo a MTV se deixou contaminar pelo bolor dos lugares-comuns publicitários sobre a "juventude" — será que ser jovem passou a ser endeusar os telemóveis, dizer militantes disparates e disparar as palavras em ritmo de King Kong?... Entretanto, o punk-pós-punk porta-se bem e até houve quem voltasse a celebrar, sem complexos, a energia dançável dos anos 80. Mas deixemos o confessionalismo para outra ocasião... J.L.

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NATAL: "White Christmas", 1954

Já não há Natais assim?... Talvez. Em todo o caso, filmes assim é que já não se fabricam. É ainda uma produção marcada pelas memórias da Segunda Guerra Mundial, que terminara apenas nove anos antes. E é, acima de tudo, um exemplo dessa fusão (tantas vezes ensaiada pelo classicismo americano) do melodrama familiar com algumas componentes do género musical. White Christmas (título português: Natal Branco) combina a música de Irving Berlin com uma outra forma de familiaridade: a dos próprios actores — Bing Crosby, Danny Kaye, Rosemary Clooney e Vera-Ellen —, a viverem uma época feliz de relação com um mercado muito mais esatabilizado que o deste nosso presente. Além da emblemática canção que dá o título ao filme, a banda sonora inclui ainda temas como The Best Things Happen when You're Dancing, Geee! I Wish I Was back in the Army e Snow. A realização pertence ao mais célebre emigrante húngaro de Hollywood: Michael Curtiz, o mesmo que em 1942 dirigira Casablanca.

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Para descobrir Richard Swift

Todas as conversas sobre o início do novo ano discográfico passam certamente já pelas muito esperadas edições do terceiro álbum dos The Strokes (dia 3) e pela chegada da compilação que percorre 20 anos na carreira dos Pop Dell’Arte, com três inéditos, POPlastik (dia 16). Todavia, um outro nome deve ser acrescentado a esse pacote de grandes esperanças: Richard Swift. É certo que não se trata de uma novidade. Falamos de um álbum duplo que recolhe dois discos mais antigos, e que já conheceu edição internacional este ano, pela Secretly Canadian. Acontece que a Flur apostou em colocá-lo no mercado nacional numa data mais indicada (e ainda bem que o faz, evitando os estrangulamentos natalícios), afastando para Janeiro o lançamento de um daqueles discos de que se vai falar muito nos próximos meses.
Richard Swift é um intrigante e cativante cantautor californiano, nascido em 1977 e com parte da juventude vivida no quarto, na companhia de um gravador de quatro pistas e de discos de Bob Dylan a Lee Perry… Editou dois álbuns (Walking Without Effect em 2001 e The Novelist em 2004, ou seja, os dois agora reunidos num CD duplo a editar em janeiro), pérolas visionárias de escrita lo fi capazes de ofuscar outros autores/intérpretes recentemente entrados em cena e já alvo de pequenos cultos. A música de Swift, que parte do registo clássico do cantautor, mas aceita desafios de tempos e lugares diferentes, frequentemente sugerindo palco num qualquer bar decadente dos anos 30 em final de noite de casa vazia, é um mundo de acontecimentos, e deixa qualquer ouvinte atento irremediavelmente conquistado. Escutem Losing Sleep ou Lovely Night no site oficial do músico como aperitivo. E, depois das rabanadas e das 12 passas, guardem um tempo para descobrir Richard Swift. Vai ser, para quem o não conhece, a primeira grande descoberta de 2006! E com álbum novo a caminho, lá para Março ou Abril…
P.S. Recomendado para fãs de Rufus Wainwright, Tom Waits, Bob Dylan. Todos juntos ou em separado...

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DN:música, 23 Dezembro

Hoje o DN:música, do Diário de Notícias, elege os melhores discos do ano nas categorias Nacional, Internacional, World e Clássica. Junta uma lista dos melhores DVDs musicais do ano. E escolhas individuais de Nuno Galopim, Tiago Pereira, Davide Pinheiro, João Lopes, Nuno Carvalho, Isilda Sanches, Ricardo Sérgio e João Pedro Oliveira. Há ainda listas dos melhores do ano segundo os leitores nas categorias Álbum Nacional, Álbum Internacional, DVD Musical e Concerto. Os Sons são igualmente dedicados a um olhar sobre 2006. E a coluna digital espreita já para 2006.
E quem ganhou? Nada como ler o jornal...

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NATAL: Danny Elfman, 1993

Mais um disco de Natal, hoje novamente em registo bem alternativo. Trata-se da banda sonora do filme O Estranho Mundo de Jack (no original The Nightmare Before Christmas), projecto coordenado por Tim Burton (embora não realizado por si), e para o qual Danny Elfman fez as primeiras canções desde que abandonara, pouco antes, os Oingo Boingo, grupo de que era vocalista desde finais de 70. A banda sonora serve um filme musical na mais convencional acepção da palavra, mas invulgar apresentação de elementos. Cruza os mundos do Natal e do Halloween (a noite das Bruxas) e junta a saudável perversão de espaços e valores habituais em Tim Burton com uma música grandiosa e arrebatadora, tão cheia de referências ao estilo clássico da canção para teatro musical, quanto plena de um humor negro cortante muito ao estilo do realizador. Danny Elfman tem aqui a sua obra-prima para cinema, raiz de projectos musicalmente semelhantes e posteriores como os bem recentes Charlie e a Fábrica de Chocolate e, sobretudo, o novo A Noiva Cadáver.

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quinta-feira, dezembro 22, 2005

Sound + Vision: DVD 2005

Quarto dia de listas no Sound + Vision, hoje com o DVD na berlinda. Cinema, documentários e música juntos num olhar comum:

João Lopes

1. The Fog of War, de Errol Morris (Columbia)
2. Tout Va Bien, de Jean-Luc Godard (Criterion)
2. Anjos na América, de Mike Nichols (Warner)
3. The Complete Jean Vigo (Artificial Eye)
4. F For Fake, de Orson Welles (Criterion)
5. O Rio Sagrado, de Jean Renoir (Costa do Castelo)
6. M, de Fritz Lang (New Age)
7. Depois do Ensaio, de Ingmar Bergman (Costa do Castelo)
8. Nick's Movie, de Wim Wenders (Atalanta)
9. As Duas Inglesas e o Continente, de François Truffaut (Costa do Castelo)
10. O Detective Cantor, de Keith Gordon (Lusomundo)

Por vezes, grandes títulos, clássicos e modernos, podem comprar-se via Internet a metade do preço (ou menos...) praticado nas lojas portuguesas. A pequenez do nosso mercado e o consequente peso desproporcionado dos custos de produção ajudarão a explicar alguma coisa. Mas não tudo. Dito de outro modo: a orientação dominante do mercado é para a acumulação sem critério(s). Como se alguns editores não soubessem distinguir as diferenças dos produtos que editam e, desse modo, também não tivessem qualquer ideia sobre o respectivo público potencial. Seja como for, é óbvio que a oferta cresceu e se diversificou. O que não cresceu, muito menso se diversificou, é a capacidade de algumas empresas para divulgar os seus títulos — por vezes, mesmo para os jornalistas, é preciso descobri-los acidentalmente nos escaparates. Também aqui se aplica a mesma regra do circuito cinematográfico de exibição: viver apenas em função dos blockbusters é um equívoco (comercial) que, a curto ou médio prazo, se paga caro. J.L.

Nuno Galopim

1. Anjos Na América, Mike Nichols (Warner)
2. Caixa Eisenstein, Sergei Eisenstein (Fnac)
3. Russian Ark, Alexander Sokurov (Artificial Eye)
4. O Fantasma, João Pedro Rodrigues (Rosa Filmes)
5. Minimum Maximum – Kraftwerk (EMI)
6. Almodóvar Collection – Vol 1, Pedro Almodóvar (Optimum World)
7. La Trilogie, Paul Morrissey (Carlotta)
8. The Work Of Director Jonathan Glazer, Jonathan Glazer (EMI)
9. O Sentido da Vida, Terry Jones (Lusomundo)
10. All I Am – Rufus Wainwright, George Scott (Universal)

O DVD substituiu muitas horas de televisão (nunca uma ida ao cinema), e deu-nos olhares retrospectivos numa cidade onde as políticas de reposições, ora em salas comerciais ora em cinemateca ou eventos especiais, continuam a enfermar de males vários e olhares em direcções demasiado constantes, quase sempre as mesmas, quase sempre as mesmas, pouco inovadoras e pouco ousadas… O DVD permitiu-nos (re)ver séries que mostram novos hábitos na produção de ficção para televisão, umas com passagem pelos canais portugueses (mas tantas vezes fora de horas, ou sem promoção visível, como foi o caso de Anjos Na América), outras à espera de quem as compre para colocar entre uma novela, um debate desportivo ou o reality show da capoeira dos famosos ou lá o que inventarem mais… Séries como a Criterion e Artificial Eye sempre com edições recomendáveis. Director’s Label com mais quatro títulos de excepção. Na música, um desvio da melhor produção para o documentário, uma ou outra excepção de entusiasmo em filmes de concertos (como é o caso dos Kraftwerk). É um mercado em afirmação de variedade e quantidade, pena que ainda sem a consciência da maioria dos editores para com a importância de uma mais atenta relação com a comunicação social. N.G.

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Casa da Música pede obra a Steve Reich

A Casa da Música prepara o seu segundo ano de vida e anuncia a encomenda a Steve Reich de uma obra inédita para ali ser estreada em Novembro de 2006. O músico norte-americano, um dos quatro pilares do minimalismo (juntamente com La Monte Young, Terry Riley e Philip Glass) passou já por Portugal em diversas ocasiões, uma delas para participar nos Encontros de Música Contemporânea da Gulbenkian em 1989, a outra, mais recentemente, para apreentar no CCB a ópera-vídeo Three Tales. Não se sabe ainda que tipo de obra será apresentada, mas a sua notícia é de aplaudir. Esperamos só que, ao invés do que a Expo (e o Ministério da Cultura, a RDP e RTP) não fizeram com o Corvo Branco de Phlip Glass, “esquecendo-se” (ou não prevendo) da gravação de uma ópera que, não fosse um registo em vídeo da RTVE, estaria já no vale dos esquecidos…
Além da peça de Reich, a agenda 2006 da Casa da Música apresenta outras sugestões que obrigam a idas ao Porto. Aqui ficam algumas sugestões:

Matthias Goerne, 22 de Janeiro
Balanescu Quartet (a tocar Kraftwerk), 17 de Fevereiro
Faust, 14 de Abril
Kronos Quartet, 24 de Maio
Alfred Brendel, 2 de Junho
Ryuichi Sakamoto + Alva Noto, 11 de Junho

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Natal: James Brown, 1995

Mais um disco de Natal, e desta vez um atípico olhar a uma quadra que habitualmente se associa, musicalmente, a lógicas conservadoras de registo pop, ligeiro ou mais sinfonista. Ou seja, tudo menos… funk. Pois foi o que fez o genial James Brown, abordando as temáticas de Natal numa série de singles e EPs que gravou entre 1966 e 1970. O palco é natalício, mas a abordagem melódica, temática e, sobretudo, rítmica, mostram olhares interessantes e alternativos sobre a quadra. Canções como Go Power At Christmas Time, Santa Claus Go Straight To The Ghetto, Soulful Christmas ou Let’s Unite The Whole World At Christmas mostram, logo nos títulos, um programa de abordagem diferente e desafiante. O álbum, Funky Christmas (compilação de 1995 que recolhe esses singles de finais de 60), está longe de ser um dos mais essenciais na obra de James Brown, mas é claramente um raro caso de afirmação de personalidade num espaço musical (o da chamada música de Natal) habitualmente ensopado em lugares comuns e grandes "xaropadas". Já a capa é de um gostinho mais duvidoso...

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