terça-feira, setembro 20, 2022

O Jovem Cunhal
— para lá da ficção e do documentário

Subitamente, em tempos de banalização mediática da juventude, a palavra “jovem” recupera uma emoção antiga. O filme O Jovem Cunhal, de João Botelho, não é uma evocação enciclopédica de Álvaro Cunhal (1913-2005), muito menos uma “profecia” dos tempos que estavam por vir. Acompanhamos dois actores/narradores (João Pedro Vaz, Margarida Vila-Nova) que nos fazem ver que a história existe como uma obstinada revisitação e reinvenção das suas narrativas.
A resistência de Cunhal ao salazarismo leva Botelho a redescobrir a vibração humanista do cinema: “Encontrar o modo certo de filmar o percurso de um jovem complexo e corajoso foi tão difícil como fascinante. Para mim, não há documentários nem ficções, há cinema. E o cinema pode nestes tempos de perigos e ameaças ajudar as pessoas a serem mais corajosas e mais humanas.”
Não sendo objecto de uma estreia convencional, O Jovem Cunhal já teve sessões em vários locais, nomeadamente em Loulé (Cineteatro Louletano) e Lisboa (Nimas), em ambos os casos com a presença do realizador. Será também apresentado na Cinemateca (dia 30, 19h00) na sessão de encerramento da actual retrospectiva de João Botelho.