Havia na arte de Julião Sarmento a agilidade do artesão combinada com a precisão do filósofo. Falecido no dia 4 de maio, em Lisboa, contava 72 anos, o seu legado excede o convencionalismo burocrático do rótulo "artista plástico". Desde logo porque a expressão tende a excluir o cinema — ora, para lá dos filmes que realizou, Julião era um militante espectador de cinema, muito consciente das relações do seu trabalho com as dinâmicas fílmicas de imagens e sons. Mas também porque a sua versatilidade (desenho, pintura, escultura, instalações, etc.) correspondia ao desejo de uma arte verdadeiramente total, alheia a divisões académicas, abraçando a totalidade do humano através da infinita pluralidade das formas. Talvez possamos dizer, assim, que tudo o que ele foi enquanto artista envolveu a sua condição de espectador de todas as artes — e a alegria de o ser.
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1976, fotogramas de Faces |
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1982, Papel, técnica mista |
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1985-86, Salto, técnica mista sobre tela |
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1991, Being Forced into Something Else, técnica mista sobre tela |
>>> "A minha obra e eu", video do Museu Coleção Berardo.