quinta-feira, janeiro 28, 2021

Cloris Leachman (1926 - 2021)

Actriz americana de enigmática versatilidade, Cloris Leachman faleceu no dia 26 de janeiro, de causas naturais, na sua casa de Encinitas, California — contava 94 anos.
Não deixa de ser irónico que esta actriz de muitas e delicadas subtilezas dramáticas seja a maior parte das vezes identificada apenas como um notável comediante. Que o foi, sem dúvida: a sua composição em Frankenstein Júnior (1974), de Mel Brooks, bastaria para exemplificar as suas qualidades nesse campo. Em todo o caso como não recordar o papel de Ruth Popper em A Última Sessão (1971), de Peter Bogdanovich, personagem de uma solidão que se exprime através da enigmática conjugação de emoções à deriva com os fantasmas de uma sexualidade oculta? Foi a interpretação que lhe valeu um Oscar de melhor actriz secundária.
Das ambiências estilizadas do "noir", em O Beijo Fatal (1955), de Robert Aldrich, ao desencanto melodramático de Spanglish (2004), de James L. Brooks, passando pelo ambíguo romantismo de Daisy Miller (1974), de Peter Bogdanovich, Leachman foi sempre um surpreendente fenómeno de transfiguração e emoção. Sem esquecer, claro, Texasville (1990), sequela de A Última Sessão que Bogdanovich realizou de novo a partir de um romance de Larry McMurtry.
Militante pelos direitos dos animais, foi como tal consagrada pela PETA, que lhe atribuiu um prémio honorário em 2017. Alguns anos antes, em 2009, tinha feito o seu balanço mais pessoal no livro Cloris: My Autobiography.

>>> Trailers de A Última Sessão, Daisy Miller e Texasville.






>>> Obituário em The Hollywood Reporter.
>>> Memória de Cloris Leachman pela PETA.