quarta-feira, fevereiro 12, 2020

Claire Bretécher (1940 - 2020)

[FOTO: La Croix]
Personalidade marcante da banda desenhada e da ilustração francesa, Claire Bretécher faleceu no dia 10 de Fevereiro, em Paris — contava 79 anos.
Depois de passar por algumas das publicações mais importantes da BD franco-belga — Record, Tintin, Spirou —, foi-se afirmando como autora das edições para um público adulto, primeiro como colaboradora de Pilote, depois como co-fundadora de L'Écho des Savanes, corria o ano de 1972. Com o título Les Frustrés, as suas páginas na revista Le Nouvel Observateur (uma ou duas por edição, no período 1973-81), foram decisivas para a consolidação de uma metódica e implacável observação dos tipos sociais e geracionais: através de um humor paradoxal, porque discreto e incisivo, Bretécher foi decompondo os comportamentos de uma certa classe média, mais ou menos convencida do seu avanço "cultural", expondo a fragilidade dos seus valores e, por vezes, o cinismo das suas atitudes.
Nesta perspectiva, Bretécher reflectiu com contundência e humor as vagas da contra-cultura dos anos 60/70 que, a partir dos EUA, marcou também a vida cultural da Europa. Seguindo a mesma lógica de observação e distanciação, abordou o mundo da adolescência na série Agrippine (1988-2009). Les Frustrés e Agrippine deram origem a versões de animação, respectivamente em 1975 e 2001.
Uma parte significativa da sua obra foi publicada em regime de auto-edição, o que lhe confere também um papel pioneiro no espaço francófono e europeu. Manteve uma actividade paralela como pintora — a versatilidade do seu labor está registada em diversas edições, com destaque para Claire Bretécher : Dessins et peintures (2011).

>>> Extracto de uma entrevista televisiva, em 1975.


>>> Episódio da adaptação televisiva de Les Frustrés, com as vozes de Michael Lonsdale, Jean-Roger Caussimon e Dominique Lavanant.


>>> Uma página de Bretécher [click para ampliar] + uma capa de Agrippine.


>>> Obituário e memórias nas páginas da France Culture.