Personalidade nuclear na história da produção cinematográfica em Portugal, Henrique Espírito Santo faleceu no dia 19 de Janeiro — contava 87 anos.
Envolvido na produção de filmes desde meados da década de 60, sempre concebeu a sua actividade como indissociável de toda uma lógica de diversificação temática e pluralidade cultural. Sintomas da sua visão são a militância no espaço dos cineclubes (foi dirigente do Cineclube Imagem), a par da actividade crítica (nos anos 50/60 colaborou em diversas publicações, incluindo Visor, Actualidades e Seara Nova).
No começo da década de 70, foi director de produção do Centro Português de Cinema, tendo o seu nome ficado associado a muitos títulos marcantes na reconversão que tinha sido iniciada com o Cinema Novo. Entre eles, incluem-se O Recado (1971), de José Fonseca e Costa, A Promessa (1972), de António de Macedo, Jaime (1974), de António Reis e Margarida Cordeiro, Benilde ou a Virgem Mãe (1974) de Manoel de Oliveira, Brandos Costumes (1975), de Alberto Seixas Santos, A Fuga (1977), de Luís Filipe Rocha, O Bobo (1979) de José Álvaro Morais, e Amor de Perdição (1979) de Manoel de Oliveira.
O seu gosto pedagógico reflectiu-se também em diversas actividades de ensino, nomeadamente na Escola de Cinema do Conservatório Nacional (actual Escola Superior de Teatro e Cinema), onde leccionou no período 1978-80. Em 2017, o seu percurso profissional foi objecto de tratamento no documentário Até Amanhã, Henrique! [video], de Miguel Cardoso.
>>> Obituário no Jornal de Notícias.