Escritor, professor e crítico literário, foi ele que nos disse que, em Harry Potter, "não há nada para ler" [video]. Figura central de muitos debates contemporâneos sobre o património literário e a identidade cultural, o americano Harold Bloom faleceu no dia 14 de Outubro, num hospital de New Haven, Connecticut — contava 89 anos.
Nasceu em Nova Iorque, de ascendência ucraniana e bielorussa (respectivamente pela parte do pai e da mãe), sendo educado em ambiente familiar segundo as regras do judaísmo ortodoxo — começou por falar o iídiche dos seus antepassados, só adquirindo prática da língua inglesa a partir dos seis anos. Talvez se possa dizer que essa sua origem plural, tecida de muitos cruzamentos de culturas e linguagens, o preparou para o estudo e celebração daquele que é o conceito mais célebre legado pela sua obra: o de Cânone Ocidental, enraizado em séculos de literatura que, segundo ele, estava a ser desvirtuada pelo ensino universitário.
O Cânone Ocidental, publicado em 1994, é, justamente, o seu livro mais célebre, mais discutido e mais polémico. A Angústia da Influência: Uma Teoria da Poesia (1973), Como Ler e Porquê (2000) e Génio (2003) são outros títulos marcantes de uma obra vastíssima, dominada pelos ensaios. Este ano publicara Possessed by Memory: The Inward Light of Criticism, revisitação dos seus autores canónicos, sempre com William Shakespeare como factor nuclear das suas reflexões e argumentações.
>>> Entrevista por Charlie Rose a propósito do lançamento de Como Ler e Porquê?
>>> Obituário na NPR.
>>> Nas páginas da Universidade de Yale.