Será distracção minha, mas não creio que tenha sido dada a devida evidência noticiosa ao facto de a nova versão de O Rei Leão (estreada a 29 de Agosto) ter batido recordes de audiência nas salas portuguesas. Mais exactamente — e tal como é referido na didáctica informação que podemos encontrar no Sapo/cinema —, o filme de animação da Disney superou os valores de box office oficialmente registados desde o ano de 2004 (haverá, por certo, títulos estreados antes dessa data que mobilizaram muito mais pessoas).
Avatar, uma estreia de 2009, era, até agora, o filme mais visto, com um total de 1.207.749 espectadores. De acordo com os números mais recentes do ICA, para as sessões de O Rei Leão já foram vendidos 1.230.989 bilhetes.
Enfim, será também importante citar estes números sem atrair qualquer forma tradicional de estupidez normativa. Dito de outro modo: não se trata de usar a contabilidade do mercado cinematográfico para sustentar políticas de "gosto", nem sequer para favorecer o cinismo dos que querem bloquear qualquer reflexão sobre a especificidade do cinema, reduzindo-a a folhas de tesouraria.
Trata-se apenas de lembrar o óbvio: há um mercado em que, de facto, existem espectadores. O impacto de um filme como O Rei Leão conduz-nos, em última análise, ao reconhecimento de uma verdade que nem sempre entra nos cálculos das políticas de marketing: a quantidade de espectadores disponíveis pode (e, a meu ver, deve) ser trabalhada através de estratégias de mobilização dos mais variados públicos — no plural.
Trata-se apenas de lembrar o óbvio: há um mercado em que, de facto, existem espectadores. O impacto de um filme como O Rei Leão conduz-nos, em última análise, ao reconhecimento de uma verdade que nem sempre entra nos cálculos das políticas de marketing: a quantidade de espectadores disponíveis pode (e, a meu ver, deve) ser trabalhada através de estratégias de mobilização dos mais variados públicos — no plural.