quinta-feira, julho 25, 2019

Rutger Hauer (1944 - 2019)

A condição de replicante em Blade Runner, a certa altura na companhia de um emblemático pombo, impôs-se como símbolo universal de toda a sua carreira: o actor holandês Rutger Hauer faleceu no dia 19 de Julho, na sua casa de Beetsterzwaag, Holanda — contava 75 anos.
A projecção internacional Hauer é indissociável do impacto de Delícias Turcas (1973), do também holandês Paul Verhoeven, um dos títulos que ilustraram uma certa visão "libertária" da sexualidade, de algum modo impulsionada pelo fenómeno construído em torno de O Último Tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci. Depois de Mulher Entre Cão e Lobo (1979), de André Delvaux, a sua entrada na produção americana aconteceu na companhia de Sylvester Stallone, em Os Falcões da Noite (1981), de Bruce Malmuth, um ano antes de Blade Runner, sob a direcção de Ridley Scott.
Mais ou menos tipificado em personagens de "vilão", trabalhou sob a direcção de Nicolas Roeg (Eureka, 1983), Sam Peckinpah (O Fim-de-Semana de Osterman, 1983) e Richard Donner (A Mulher Falcão, 1985). Entre os seus filmes mais atípicos, e também mais interessantes, incluem-se o assombroso e muito pouco conhecido "thriller" Terror na Auto-Estrada (1986), de Robert Harmon, e a belíssima parábola moral A Lenda do Santo Bebedor (1988), de Ermanno Olmi.
A partir dos anos 90, a sua carreira foi ficando cada vez mais marcada por rotinas televisivas. Já no século XXI, os seus trabalhos mais significativos aconteceram sob a direcção de George Clooney (Confissões de Uma Mente Perigosa , 2002), Frank Miller (Sin City: Cidade do Pecado, 2005), Christopher Nolan (Batman - O Início, 2005) ou Jacques Audiard (Os Irmãos Sisters, 2018). A autobiografia All Those Moments: Stories of Heroes, Villains, Replicants, and Blade Runners, escrita com a colaboração de Patrick Quinland, foi editada em 2007.

>>> Trailer de Terror na Auto-Estrada [The Hitcher].


>>> Obituário na revista Rolling Stone.