Com a morte de Agnès Varda, desaparece um dos nosso derradeiros elos directos com os tempos de glória da Nova Vaga francesa: a cineasta francesa, nascida na Bélgica, faleceu no dia 28 de Março, em Paris, vítima de cancro — contava 90 anos.
Do emblemático Duas Horas na Vida de uma Mulher (1962) ao recente Olhares Lugares (2017), co-realizado com o fotógrafo JR, o seu trabalho manteve-se num ziguezague elegante e irónico entre as virtudes do drama e do melodrama e o apelo dos registos documentais. Por vezes, tal atitude envolveu uma assumida dimensão confessional, por exemplo em Os Respigadores e a Respigadora (2000) ou As Praias de Agnès (2008).
Confessionais e intimistas são também os filmes em que lidou com as memórias do marido, Jacques Demy (1931-1990): Jacquot de Nantes (1991), refazendo os caminhos cinéfilos da infância e da juventude, e Les Demoiselles Ont Eu 25 Ans (1993), sobre a rodagem do clássico As Donzelas de Rochefort (1967). Entre os seus filmes mais belos incluem-se ainda A Felicidade (1965), sobre a (im)possibilidade de conciliação do desejo e da lei, porventura a mais esquecida obra-prima do cinema francês da década de 60, e ainda Sem Eira nem beira (1985), crónica de uma França interior e solitária centrada na personagem de uma jovem vagabunda interpretada pela sublime Sandrine Bonnaire. Sempre seduzida pelas variações formais da fotografia ou da instalação de artes plásticas, a sua obra pode simbolizar o voto da Nova Vaga refazer o cinema através do contacto com todas as artes e linguagens.
Do emblemático Duas Horas na Vida de uma Mulher (1962) ao recente Olhares Lugares (2017), co-realizado com o fotógrafo JR, o seu trabalho manteve-se num ziguezague elegante e irónico entre as virtudes do drama e do melodrama e o apelo dos registos documentais. Por vezes, tal atitude envolveu uma assumida dimensão confessional, por exemplo em Os Respigadores e a Respigadora (2000) ou As Praias de Agnès (2008).
Confessionais e intimistas são também os filmes em que lidou com as memórias do marido, Jacques Demy (1931-1990): Jacquot de Nantes (1991), refazendo os caminhos cinéfilos da infância e da juventude, e Les Demoiselles Ont Eu 25 Ans (1993), sobre a rodagem do clássico As Donzelas de Rochefort (1967). Entre os seus filmes mais belos incluem-se ainda A Felicidade (1965), sobre a (im)possibilidade de conciliação do desejo e da lei, porventura a mais esquecida obra-prima do cinema francês da década de 60, e ainda Sem Eira nem beira (1985), crónica de uma França interior e solitária centrada na personagem de uma jovem vagabunda interpretada pela sublime Sandrine Bonnaire. Sempre seduzida pelas variações formais da fotografia ou da instalação de artes plásticas, a sua obra pode simbolizar o voto da Nova Vaga refazer o cinema através do contacto com todas as artes e linguagens.
>>>Trailer de Duas Horas na Vida de uma Mulher.
>>> Trailer de A Felicidade.
>>> Extracto de Les Demoiselles Ont Eu 25 Ans.
>>>Discurso de agradecimento do Oscar honorário (11 Novembro 2017).
>>> L' Obs: 5 cenas de Agnès Varda.
>>> Obituário no jornal Le Monde.