Coletes amarelos? Subitamente, compreendemos que o "social" garantido pelas redes não cobre todos os espaços da sociedade.
Daí que a comunicação social (!) se afadigue a convocar temas e especialistas para "explicar" o que está a acontecer em França — esta primeira página do Libération é uma contundente materialização do que sentimos e, sobretudo, do que não sabemos como sentir. Somos espectadores de uma decomposição do espaço público que não sabemos nomear: a linguagem vacila.
Daí que a comunicação social (!) se afadigue a convocar temas e especialistas para "explicar" o que está a acontecer em França — esta primeira página do Libération é uma contundente materialização do que sentimos e, sobretudo, do que não sabemos como sentir. Somos espectadores de uma decomposição do espaço público que não sabemos nomear: a linguagem vacila.
A colagem da palavra populismo às perturbantes imagens das ruas (procurando identificar entidades seguras do tradicional espectro político "direita/esquerda") surgiu como uma espécie de catarse mediática para enquadrar aquilo que, teimosamente, escapa a qualquer enquadramento. É verdade que os acontecimentos são inquietantes e, pelo modo como têm afectado o tecido urbano de Paris, tristíssimos. Mas não é menos verdade que, na sua brutal singularidade, nos obrigam a reconhecer que o social persiste, radical e obstinado, onde deixámos de o ver ou somos incapazes de o nomear — decididamente, a multiplicação de links e polegares ao alto não recobre toda a vida humana. O amarelo torna-se um símbolo, ou apenas um sintoma do que já não sabemos simbolizar.