[FOTO: Marco Borggreve] |
* Fundação Gulbenkian [16. Out., 20h00]
* Franz Liszt
Estudo de execução transcendental n.º 7, Eroica
* Ludwig van Beethoven
Variações e Fuga sobre um tema da Heroica, em Mi bemol maior, op. 35
* Leoš Janáček
Sonata 1.X.1905
* Franz Liszt
Funérailles (Harmonies Poétiques et Religieuses n.º 7)
* Claude Debussy
Les Soirs illuminés par l’ardeur du charbon
* Komitas
Duas Danças Arménias: Shushiki / Unabi
* Maurice Ravel
Le Tombeau de Couperin
Pela segunda vez, o pianista russo Kirill Gernstein apresentou-se no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian. Desta vez, para um concerto de invulgar pluralidade de referências, em qualquer caso envolvendo obras compostas num arco temporal de pouco mais de cem anos, entre o começo do século XIX (Beethoven) e os tempos do primeiro conflito mundial (as peças de Debussy e Ravel).
Liszt serviu de porta de entrada em cada uma das partes, por assim dizer, sinalizando um sentido de reconversão de matrizes clássicas, ou melhor, de ruptura com algum passado — por alguma razão, Gernstein achou por bem "ligar" a performance de Liszt e Beethoven e, depois, na segunda parte, as peças do arménio Komitas e do francês Ravel.
Dir-se-ia que, através de uma versatilidade que nunca exclui a atenção às mais delicadas nuances emocionais da música, Gernstein quis celebrar a energia de obras ligadas a épocas de grandes convulsões históricas — "tempos de agitação social e política", tal como se escreve no seu site — e o modo como nelas, e através delas, foram desafiados muitos cânones do próprio labor do intérprete face ao seu teclado. O resultado teve o seu quê de pedagogia, no sentido mais libertador que a palavra possa envolver.
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>>> Com um ensemble do Berklee College of Music, de Boston, Kirill Gernstein interpreta a Rhapsody in Blue, de George Gershwin (versão original de 1924, para banda de jazz).