Assim vai o mundo: Steven Seagal, protagonista de filmes como Em Terra Selvagem (1994), Corrupção Total (1997) ou Yakuza - O Império do Sol Nascente (2005) está nomeado para uma função que lhe permitirá contribuir para a amizade entre os povos. Literalmente: nascido em Lansing, Michigan, em 1952, Seagal, que adquiriu a nacionalidade russa em Novembro de 2016, será um "representante especial para melhorar as relações entre os EUA e a Rússia". Segundo o ministério dos Negócios Estrangeiros russo, trata-se de um papel semelhante aos embaixadores de boa vontade das Nações Unidas, especialmente vocacionado para consolidar as relações entre os dois países "no campo humanitário, incluindo a cooperação na cultura, artes, público e intercâmbio de jovens" [NYT].
Actor medíocre, símbolo banal de um sub-cinema derivado do imaginário 'Rambo', Seagal surge, assim, como agente das nossas esperanças de apaziguamento de muitas tensões da geo-política. Seria abusivo menosprezar as suas qualidades humanitárias em nome da sua identidade cinematográfica. Em todo o caso, convenhamos que, para além da condição fútil de "famoso", é legítimo perguntarmos o que é que na sua trajectória profissional lhe confere alguma autoridade, ou apenas pertinência humana, para assumir tal cargo.
Decididamente, pelo menos no esvaziamento simbólico dos conceitos clássicos de política e fazer política, Vladimir Putin é um aliado directo de Donald Trump — na sua boa vontade humanitária, Seagal sabe isso.
Decididamente, pelo menos no esvaziamento simbólico dos conceitos clássicos de política e fazer política, Vladimir Putin é um aliado directo de Donald Trump — na sua boa vontade humanitária, Seagal sabe isso.
[EM TERRA SELVAGEM] |