Na sequência da imensa fuga de informações de 50 milhões de perfis do Facebook, a empresa de Mark Zuckerberg publicou um anúncio de apresentação de desculpas em alguns dos principais jornais de língua inglesa: The New York Times, The Washington Post e The Wall Street Journal, nos EUA, e The Observer, The Sunday Times, Mail on Sunday, Sunday Mirror, Sunday Express e Sunday Telegraph, no continente europeu [Vanity Fair]. Lema: "Temos a responsabilidade de proteger a vossa informação" [sugere-se click para ampliar a imagem].
Saúda-se o gesto.
Pergunta-se se Zuckerberg acredita que a sua "comunidade" se define apenas por uma forma de gestão técnica — e tanto mais quanto isso o conduz a colocar alguma religiosidade na relação com os seus consumidores, já que agradece o facto de esses mesmos consumidores "acreditarem" no Facebook.
Acima de tudo, fica-se perplexo com a ligeireza com que Zuckerberg coloca a questão. A saber: "Talvez tenham ouvido falar de uma quiz app construída por um investigador universitário que, em 2014, permitiu a fuga de dados do Facebook de milhões de pessoas." Como? Talvez tenham ouvido falar... Incapaz de assumir o facto de o Facebook ter contaminado as relações humanas a nível planetário, Zuckerberg parece ser, ele próprio, o sacerdote de uma nova religião, alheia à existência de jornais e jornalismo : as notícias, mesmo sobre dezenas de milhões de pessoas, são um incidente. Talvez tenham ouvido falar...