Christopher Wylie [ CNN ] |
Chegou o momento de perguntarmos o que está a acontecer com o Facebook, através do Facebook, para além do Facebook.
É um momento politicamente importante e culturalmente decisivo porque, além do mais, se define para além de qualquer dicotomia pueril de "prós" e "contras" — o que está em jogo é, de uma só vez, o reconhecimento social da privacidade e a consistência global do espaço democrático.
Duas ou três coisas que sabemos:
— a campanha de Donald Trump contratou a Cambridge Analytica, empresa de tratamento de dados, para utilizar 50 milhões (sublinho: milhões) de perfis do Facebook no sentido de prever e influenciar o comportamento de eleitores americanos [Rolling Stone];
— o que se sabe foi espoletado pelas declarações de Christopher Wylie, canadiano, 28 anos, que trabalhou na Cambridge Analytica (foi um dos seus fundadores), depois de ter estado ligado a Aleksandr Kogan, professor de ciências neurológicas na Universidade de Cambridge, criador da aplicação "thisisyourdigitallife", utilizada pelo Facebook para testar a personalidade dos seus utilizadores [Forbes].
— fundamental neste processo é o trabalho do Channel 4 britânico, dando a conhecer a confissão de Wylie e, mais do que isso, as declarações de Alexander Nix (obtidas com câmaras ocultas) sobre a Cambridge Analytica e a sua capacidade de montar uma campanha política, não com base em "factos", mas apenas através da gestão de "emoções" [Channel 4].
>>> Algumas declarações de Christopher Wylie, publicadas pelo jornal Le Monde.
>>> 'Big Trouble for the Social Network' [Time].