quinta-feira, dezembro 14, 2017

A Fox nas mãos da Disney

[ ROB DOBI / Variety ]
Vale a pena explicitar os elementos deste cartoon que está nas páginas do Variety: o herói de Deadpool, Homer Simpson e uma personagem de Avatar são agarrados por uma mão poderosa... Pormenor essencial: é a mão do Rato Mickey. Ou ainda: a Walt Disney Company comprou a 20th Century Fox por 52,4 mil milhões de dólares (44,5 mil milhões de euros).
Aliás, não nos precipitemos. Nada é simples, muito menos linear, numa manobra desta dimensão — e a imprensa especializada dos EUA, em particular o Variety e The Hollywood Reporter chamam a atenção para o tempo que as entidades reguladoras necessariamente levarão (talvez uns 18 meses) para avaliar até que ponto estarão ou não a ser cumpridas as leis que regulam a concorrência, nomeadamente no controle das chamadas plataformas de difusão.
Aliás, o que a Disney assim passa a controlar está longe de ser "apenas" os lendários estúdios da 20th Century Fox, a casa de estrelas clássicas como Henry Fonda, Gene Tierney ou Shirley Temple, e também de sucessos recentes como Sozinho em Casa (1990), Titanic (1997) ou Avatar (2009). Isto porque o que realmente foi comprado pela Disney é a maior parte das empresas do grupo 21st Century Fox, fundado por Rupert Murdoch em 2013, no qual encontramos, precisamente, os estúdios da 20th Century Fox e Blue Sky (animação), e ainda, por exemplo, a FX Networks, a National Geographic e mais de 300 canais internacionais — sem esquecer a plataforma Hulu, de video-on-demand (de que Murdoch detinha 30%), e a rede europeia de satélites Sky (39% do total — incluindo, a 100%, a Sky de Reino Unido, Alemanha e Itália).

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Recorde-se que, para além dos estúdios de animação Pixar, a Disney controla também, por exemplo, grande parte da produção cinematográfica com chancela Marvel e ainda a saga Star Wars (desde a aquisição da Lucasfilm, em 2012). Digamos, para simplificar, que estão em jogo dois espaços fulcrais da produção audio-visual planetária:
1 — o sistema de estúdios de Hollywood (com um desses estúdios a integrar, pela primeira vez, um outro).
2 — uma parte muito significativa da rede global de distribuição dos produtos audiovisuais (incluindo canais televisivos e de streaming).
Objectivos? Em primeiríssimo lugar: desafiar o crescimento exponencial (difusão & promoção) da Netflix (mais de 100 milhões de assinantes em todo o mundo...). Depois: controlar uma parte (ainda) mais significativa dos calendários de produção e difusão de filmes com lançamentos planetários.
Efeito perverso? Levar o consumidor a perguntar quem comanda a mão com que, em casa, gere o comando do seu ecrã... 

>>> Notícia da possível aquisição da 21st Century Fox pela Disney na CNN (6 Dezembro). 


>>> Notícia do negócio consumado: Fox Business + ABC News (hoje).