domingo, maio 28, 2017

Uma clarinetista no universo
de Philip Glass


Em 2008 a australiana era ainda para muitos (sobretudo deste lado do mundo) uma ilustre desconhecida quando se apresentou em disco num álbum que juntava uma versão para saxofone solista do Concerto Nº 1 para Violino e Orquestra de Philip Glass, completando o alinhamento do disco com The Protecting Veil de John Tavener e Where The Bee Dances de Michael Nyman. O talento que ali demonstrava, conciliando um sentido de precisão com as marcas pessoais de uma interpretação que parecia coisa feita sem esforço, natural como a respiração, cativou atenções e desde logo dela fez uma das autoras de uma das mais significativas abordagens à obra de Glass exterior à discografia oficial do compositor cuja obra teve o saxofone como presença determinante sobretudo na obra composta para o ensemble na sua fase minimalista.

É curiosamente de peças de uma etapa em que um sentido mais lírico tomou a alma da composição de Glass que Amy Dickson colhe as peças que chama a um disco que dedica, na íntegra, ao compositor. Editado pela Sony Classical, Glass junta à gravação já célebre do Concerto Nº 1 para Violino e Orquestra uma breve incursão pela música criada para o filme As Horas de Stephen Daldry – em Morning Phases e Escape – em momentos nos quais o saxofone partilha o protagonismo com o piano. O disco abre com uma leitura (magnífica) de uma versão para saxofone da Sonata para Violino e Piano, retomando ali – mas numa obra que reflete outras demandas de liberdade na música de Glass – um modelo de trabalho semelhante ao aplicado na gravação de 2008, afinal, a peça que abriu (e bem) todo este conjunto de abordagens.