Madonna esteve numa projecção especial de Na Cama com Madonna (título original: Truth or Dare), no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMa), assinalando o 25º aniversário do filme — realizado por Alek Keshishian, trata-se de um documentário histórico, historicamente inovador, sobre a 'Blond Ambition Tour' (1990). No seu Instagram, Madonna lembrou que "há tantas liberdades que damos por adquiridas e que não tínhamos nessa altura"; agradecendo a Keshishian, remata dizendo: "Mudámos a história com este filme."
A frase não tem nada de pomposo ou exagerado. Na Cama com Madonna é um exercício sobre o espectáculo e os bastidores, o ser personagem pública e viver uma vida privada, em última instância problematizando a ética e a estética do cinema no interior de tais dialécticas. Nada a ver com qualquer "antecipação" da reality TV, uma forma específica, moralmente viciada e viciosa, de manipulação e encenação — é o próprio Keshishian que faz questão em sublinhar tais diferenças, numa excelente entrevista dada a Louis Virtel, da revista Paper.
Estamos, afinal, perante uma experiência indissociável de todo um sistema de reconversão iconográfica e superação simbólica do(s) sexo(s) que Madonna protagonizou como ninguém. Num belo texto publicado no site do MoMa, Izzy Lee lembra tudo isso, chamando-lhe, não 'Rainha da Pop', mas 'Mãe da Pop'.