BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES (1937) |
Os desenhos animados, tanto quanto (ou mais que) os filmes de super-heróis, movimentam hoje enormes fortunas — este texto foi publicado no Diário de Notícias (16 de Agosto), com o título 'Desenhos animados rendem milhões'.
Se quisermos resumir a importância da animação na história recente da indústria cinematográfica, podemos dizer que os desenhos animados passaram a ser um dos factores decisivos do box office (nos EUA e, em boa verdade, no mundo todo). Veja-se o exemplo de Frozen (2013), que arrecadou nada mais nada menos que 1.287 milhões de dólares nos ecrãs de todo o mundo. A produção dos estúdios Disney lidera um lote de quatro títulos que conseguiram superar a margem dos mil milhões — seguem-se Mínimos (2015), da Illumination/Universal, Toy Story 3 (2010), da Pixar, e Zootrópolis (2016), também da Disney; depois, há mais 35 títulos que conseguiram acumular mais de 500 milhões de receitas.
A esmagadora maioria dos filmes que integram esta lista foi produzida através dos mais modernos recursos do desenho digital (no sexto lugar, O Rei Leão, de 1994, é uma das honrosas excepções). Quer isto dizer que tais recursos foram decisivos na reconversão artística e no relançamento comercial das figurinhas animadas, alargando o mercado a muitas derivações de merchandising, desde os tradicionais livros e brinquedos até aos jogos de video. O respectivo volume de negócios atinge os mais altos valores do universo global do entertainment. É o caso da série A Idade do Gelo, dos estúdios Blue Sky, da 20th Century Fox: mesmo deixando de lado as suas muitas ramificações (curtas-metragens, programas de televisão, jogos de video e até um espectáculo de palco), os seus cinco filmes já conseguiram uma receita bruta superior a 3.000 milhões de dólares.
Podemos perguntar qual o lugar dos clássicos nesta história de muitos cifrões. Por exemplo, qual o comportamento financeiro de Branca de Neve e os Sete Anões, a primeira longa-metragem de animação, lançada por Walt Disney na época natalícia de 1937? Pois bem, é o filme que fecha o Top 50 dos filmes de desenhos animados, com uma respeitável receita de 418 milhões de dólares.
Em todo o caso, vale a pena não esquecer a inflação, tendo em conta, antes de tudo o mais, as alterações do preço unitário dos bilhetes de cinema. Pois bem, feitas essas contas para o mercado americano (que conserva estatísticas apuradas de tal evolução), Branca de Neve e os Sete Anões não é apenas o mais rentável filme de animação — é também o nº10 na lista dos mais rentáveis de sempre (liderada por E Tudo o Vento Levou, de 1939). À Procura de Dory (2016), o desenho animado recordista em números absolutos, surge em 82º lugar! Conclusão: vamos menos ao cinema que os nossos avós.