A saga de Jason Bourne parece ter chegado ao seu limite cinematográfico — esta nota foi publicada no Diário de Notícias (28 Julho), com o título 'Matt Damon a copiar Matt Damon'.
Como já foi dito por figuras emblemáticas do cinema americano (Spielberg, Lucas, Soderbergh), a rotina das “franchises” vai minando a energia criativa de importantes sectores de Hollywood. Aí está o exemplo dos filmes centrados em Jason Bourne, agente letal da CIA, treinado para matar através de um processo de manipulação identitária. Desde 2002, Matt Damon tinha protagonizado os três primeiros, estando ausente do quarto, O Legado de Bourne (2012), com Jeremy Renner.
Agora, com Jason Bourne, de Paul Greengrass, Damon está de volta para tentar acertar as contas com os traumas do seu passado... Em boa verdade, o novo argumento é de um minimalismo patético, parecendo servir apenas para “justificar” a colagem interminável de cenas em que a câmara é usada como um telemóvel à deriva, na prática impedindo-nos de ver o que quer que seja (tudo sustentando por um tema musical em interminável “loop”). Passa por aqui a herança dos grandes “thrillers” políticos que Alan J. Pakula ou Sydney Pollack assinaram nos anos 70? Sem dúvida. Vale a pena regressar aos originais e sentir a diferença.