Para onde vai a Pixar? Ou o que é a Pixar enquanto empresa dos estúdios Disney? São questões que se renovam e ampliam face a À Procura de Dory — esta nota foi publicada no Diário de Notícias (23 Junho).
A afirmação da Pixar em 1995, com Toy Story (primeira longa-metragem de animação totalmente digital), foi um acontecimento tanto mais significativo quanto abriu uma nova perspectiva sobre os desenhos animados — afinal, os estúdios Disney tinham um concorrente à altura. Resumindo esta história exemplar, lembremos apenas que, em 2006, a Pixar foi comprada pela... Disney (num negócio astronómico de mais de 6,5 mil milhões de euros).
Dez anos depois, face a À Procura de Dory, a pergunta é incontornável: será que a Pixar chegou a um impasse? De facto, a continuação de À Procura de Nemo (2003) é um parente pobre do original, enraizado num erro crasso de definição dramática: a personagem de Dory, com a sua perda de memória de curto prazo, era um bom contraste (comic relief) no contexto do primeiro filme, mas não possui densidade para sustentar o protagonismo que agora lhe é conferido. De tal modo que deparamos com um desenho animado em que a maioria dos gags não são visuais, antes dependem de diálogos pouco imaginativos e repetitivos.