Vai ser, por certo, uma das palavras chave deste festival: realismo. Ou talvez, melhor: realismos. E, nesse domínio, os romenos continuam na linha da frente, desde logo com o novo filme de Cristi Puiu, Sieranevada (Cristian Mungiu também surgirá na competição). Dir-se-ia uma reportagem sobre um almoço familiar que, embora com um motivo grave — uma celebração religiosa em homenagem ao defunto chefe de família —, se vai transfigurando num quase vaudeville temperado de sugestões trágicas, além do mais servido por um exemplar conjunto de actores. E se quisermos formular a mais desconcertante pergunta teórica — como rodar mais de duas horas de um filme onde a câmara quase não cabe? —, encontramos aqui a resposta.