'Nova Viagem. Com Costa e Marcelo' — crónica de Raul Vaz [Económico] |
1. A notícia é esta: 'Sampaio da Nóvoa tem "máquina partidária a funcionar por trás"'. Que máquina partidária? A do Partido Socialista. Quem o diz: Manuel Alegre, militante do PS (apoiante de Maria de Belém) — e não há razões para duvidarmos do rigor das suas palavras.
2. O facto envolve um louvável realismo. Não haveria maneira mais transparente de dizer que o PS está entregue a um dos seus desportos preferidos: o suicídio eleitoral, neste caso entregando a vitória ao candidato Marcelo Rebelo de Sousa (e pelo caminho, com metódica ligeireza, reforçando o mito "alternativo" do BE).
3. Daí também a confirmação de uma perversa realidade: muito para além da postura institucional do PS (qual é ela?...), a vitória de Marcelo é o factor mais interessante para o jogo político de António Costa, mascarando de forma eficaz a confusão simbólica a que chegou a dicotomia "direita/esquerda". Não admira que, no tão formatado espaço televisivo, alagado pela vulgaridade do pitoresco, ninguém suscite o desejo da mais pertinente dúvida política. A saber: até onde pode chegar a percentagem de eleitores tradicionais do PS que vão votar em Marcelo?