sexta-feira, outubro 16, 2015

Daniel Craig vai deixar de ser 007?

Quando é que uma imagem, sendo informativa, mesmo na mais perversa ambiguidade, se torna também sintomática? Talvez quando, mesmo contra a vontade de informar que presidiu à sua concepção, não consegue evitar que a olhemos imaginando o que nela se oculta.
Duas coisas se ocultam neste surpreendente cartaz de Spectre, o 24º título oficial do agente secreto 007 [estreia: 5 Nov.]: primeiro, o rosto macabro, eventualmente paródico, que a personagem assume; segundo, a razão ou razões que fazem com que o seu protagonismo se defina a partir de tão assumida ocultação — além do mais, marcada por uma iconografia que não pode deixar de evocar o culto dos mortos tal como ficou registado nas imagens de Que Viva México!, filme de 1932, para sempre inacabado, de Sergei M. Eisenstein (do pouco que foi divulgado na sinopse oficial do novo filme, sabe-se que James Bond começa por se deslocar ao México...).
Especulando para além da sedução do sintoma, será que podemos supor também que, deste modo, é o próprio Daniel Craig que se expõe, ou é exposto, como uma provável ausência? É um facto que tem havido informações contraditórias sobre a (im)possibilidade de ele interpretar mais um título da franchise de 007... Seja como for, parece que o assombramento é tema cada vez mais presente nas aventuras de James Bond.
QUE VIVA MÉXICO! (1932)