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Não é, em sentido convencional, um filme "sobre" um lugar, antes uma teia de aproximações (visuais e sonoras) através da qual vamos pressentindo a proximidade desse lugar. Não é fácil definir o belíssimo filme de Sergei Loznitsa, The Old Jewish Cemetery, mesmo se é verdade que se trata de um objecto de desarmante linearidade. Que faz, então, Loznitsa? Documenta os lugares da cidade de Riga, capital da Letónia, que nos vão aproximando do cemitério judeu que abriu em 1752 (inevitavelmente vindo a ser marcado pelas convulsões da história até aos nossos dias). O resultado é uma arquitectura de imagens e sons, isto é, especificamente cinematográfica que nos vai permitindo sentir o lugar como um mapa gigantesco de memórias — ou como o cinema consegue tocar na dimensão mais radical do tempo.