"FFA"
Domino / Popstock
4 / 5
FFS mostra quão fértil pode ser o diálogo quando falta a voz ao monólogo. E conjunto de 12 canções serve um bálsamo aos admiradores de ambas as bandas num alinhamento de canções que cruzam formas e épocas, doseiam personalidades e ideias, sendo mais presente (ou pelo menos mais impositivo) o fulgor com que os Sparks sempre encararam as suas canções, a angulosidade dos Franz Ferdinand não estando contudo toldada, a soma revelando afinal a alma compósita que justifica em pleno a ideia de colaboração que, ao contrário do que parodia a canção que incluem quase no final do disco – Colaborations Don’t Work -, funciona. E muito bem.
O alinhamento abre ao som de Johnny Delusional, canção pop perfeita que reacende a luminosidade clássica dos Sparks, é o perfeito cartão de visita para nos dar a conhecer este encontro, definindo um patamar de diálogo que será talvez mais equidistante de ambos os protagonistas um pouco mais adiante, em Save Me From Myself. Mesmo mostrando Call Girl ou So Desu Ne uma proximidade maior aos registos mais habituais de Kapranos e companhia ou mostrando The Power Couple ou Colaborations Don’t Work um claro posicionamento entre os terrenos dos manos Mael, o álbum procura de facto a diluição de contribuições, o que é facilitado pela alma pop, o bom humor e a inteligência que sempre habitou a essência da alma dos dois grupos. As peculiaridades vocais de Russel Mael e o gosto barroco dos arranjos mais habituais nos Sparks acabam por vezes a destacar-se, não se notando contudo aqui ecos de guerras de egos. Pela música passa um entendimento como por vezes nem dentro de uma mesma banda se faz notar. O resultado é um disco pop de fôlego clássico, um álbum bem disposto e até mesmo divertido. Para almas bem dispostas eis que está encontrada uma das melhores propostas para a banda sonora deste verão.