Há filmes que nos legam uma imagem que excede a própria visibilidade da imagem: dão a ver uma força, ou melhor, uma verdade que não tem nome, mesmo se se confunde com a singularidade radical de um corpo. Rod Paradot é uma dessas imagens. No filme de abertura de Cannes, La Tête Haute, de Emmanuelle Bercot, ele interpreta um adolescente marcado por uma cruel história familiar e muitos episódios de delinquência. E não é das menores proezas sustentar o confronto com Catherine Deneuve (na personagem da juíza que acompanha os seus sucessivos processos), sem nunca ceder a qualquer cliché mais ou menos moralista ou banalmente gratificante — o filme não é banal, mas Paradot é maior que o filme.