Dir-se-ia que o hip hop possui uma genealogia que, ao contrário do rock, não encontrou uma correspondência de "género" no próprio cinema. Talvez porque, no hip hop, o valor da "mensagem" tende a prevalecer sobre as especificidades da performance. Excepção a ter em conta: Dope, o filme de Rick Famuyiwa que encerrou oficialmente a Quinzena dos Realizadores. Os protagonistas têm uma banda de hip hop, celebrando de forma veemente os sons da década de 90, mas o filme está para além de qualquer "transcrição" musical — é antes uma comédia, amarga e doce, sobre o crescimento numa zona difícil de Inglewood, Califórnia, tanto mais envolvente quanto elabora uma estrutura narrativa de invulgar dinâmica visual e emocional (ganhou um prémio de montagem, para Lee Haugen, no Festival de Sundance).