Qual a relação entre estes três anúncios de perfumes e a imagem, em baixo, do filme As Cinquenta Sombras de Grey? A resposta é de uma desarmante simplicidade: todas estas "mensagens" pertencem à mesma estética clean que, hoje em dia, domina a figuração do par homem/mulher nas mais variadas linguagens do marketing.
Vendo o filme de Sam Taylor-Johnson, baseado no best-seller da muito empreendedora E. L. James, não podemos deixar de recorrer ao shakespereano desabafo: muito barulho por nada!
Estamos, de facto, perante um objecto de dramática indigência criativa, copiando, com evidente aplicação e os mais sofisticados recursos técnicos, uma estética publicitária cuja "consagração" cinematográfica data de 1986, mais precisamente de Nove Semanas e Meia. Dito de outro modo: somos, uma vez mais, batidos pela ditadura do marketing — porque, quando mais não seja por razões de sanidade mental, é preciso lidar com estas avalanchas de coisa nenhuma, opondo o pensamento ao esvaziamento mental; e também porque, se estivessem em jogo motivações meramente cinematográficas, o filme, como tantos produtos anódinos que circulam por aí, talvez nem sequer suscitasse uma linha de comentário.
Estamos, de facto, perante um objecto de dramática indigência criativa, copiando, com evidente aplicação e os mais sofisticados recursos técnicos, uma estética publicitária cuja "consagração" cinematográfica data de 1986, mais precisamente de Nove Semanas e Meia. Dito de outro modo: somos, uma vez mais, batidos pela ditadura do marketing — porque, quando mais não seja por razões de sanidade mental, é preciso lidar com estas avalanchas de coisa nenhuma, opondo o pensamento ao esvaziamento mental; e também porque, se estivessem em jogo motivações meramente cinematográficas, o filme, como tantos produtos anódinos que circulam por aí, talvez nem sequer suscitasse uma linha de comentário.