terça-feira, novembro 04, 2014

Novas edições:
Museum of Love

“Museum of Love”
DFA Records
4 / 5

As heranças da DFA Records e, em particular, dos LCD Soundsystem fazem-se notar em vários espaços da invenção musical do nosso tempo. Se pelo mundo fora vamos escutando exemplos dessa influência é absolutamente natural que essas mesmas marcas estejam nítidas entre as genéticas centrais das obras de músicos nascidos a bordo dessa “família”. E o projeto Museum of Love, que junta em duo Pat Mahoney (antigo baterista dos LCD Soundsystem) e Dennis McNany (que podemos associar ao coletivo que se apresenta sob o nome The Juan McLean) apresenta um álbum que traduz em pleno todo esse corpo de experiências, ao mesmo tempo procurando os dois músicos o encontrar de um caminho seu neste vasto terreno em que partilham gostos e entusiasmos. O álbum que nos apresenta o projeto, e ao qual chamaram simplesmente Museum of Love, é uma convidativa carta de intenções na qual, como tantas vezes encontramos em músicos a dar primeiros passos para lá das bandas nas quais nasceram, as afinidades com o seu passado são evidentes (sobretudo as que unem Mahoney – que aqui canta – aos LCD Soundsystem). Caminhamos assim num espaço onde as electrónicas e as relações próximas com os espaços da música de dança definem o terreno a lavrar, sobre o qual se semeiam experiências igualmente atentas a ensinamentos de escolas indie e um interesse claro na exploração da canção. Da luminosidade quase pop de Fathers ou Down South (onde vários textos de opinião já assinalaram – com alguma razão – uma aproximação a David Byrne) às experiências electrónicas progressivas de Monotronic ou aventuras de rugosidade mais evidente em The Large Glass, passando pelos mais evidentes piscares de olho a formas que associamos aos LCD Soundsystem em temas como In Infancy ou The Who’s Who of Who Cares (belo título!) encontramos um álbum que revela um duo que domina as linguagens sobre as quais tem construído a sua obra, trazendo o melhor de cada um desses mundos a um mapa esteta gourmet que alia a estes sabores um saber cuidado e atento na mesa de produção. Depois dos LDC Soundsystem, a DFA vai apresentando as suas descendências. Talvez não haja aqui o mesmo sentido de pioneirismo ou visão. Mas há um belíssimo disco.