quinta-feira, julho 31, 2014

Adult Jazz: the next big thing?

Os Adult Jazz estão disponíveis, para audição, na NPR. Ao apresentá-los, Tom Moon atreve-se (e muitíssimo bem!...) a evocar a herança plural, complexa e difícil de Frank Zappa (e também os King Crimson e os Dirty Projectors). Que é como quem diz: estamos perante uma banda que, à maneira de muitos colectivos contemporâneos, exibe uma abundante colecção de referências (enraizadas sobretudo na Net?) que, em qualquer caso, nunca se impõe como razão "escolar" do seu trabalho — o que conta é o desafio sistemático ao próprio conceito de canção, de acordo com uma lógica que procura menos a estabilização académica de um "estilo" e mais a criação de genuínas aventuras narrativas.
Apetece dizer, por isso, que na sua frondosa diversidade, o álbum de estreia dos Adult Jazz — Gist Is — se escuta como quem lê um romance em que a personagem central é a própria sensualidade dos contrastes que a música pode acolher. Sem esquecer, claro, a delicada inquietação lírica de tudo isto (por exemplo, no tema Springful):

Right honor, coat of armor
And I'm proud
Let my left die, dreams are led like
And I'm down
Still a lover but no further
Then a board game
Still a lover but for sugar
In my vein

São de Leeds e, de acordo com uma entrevista no Stereogum, dizem frases maravilhosas como "as mãos e os gestos são coisas semanticamente tão ambíguas" (a propósito da capa de Gist Is). Há neles uma educada insolência juvenil que justifica o rótulo adulto no seu nome. E mesmo se é verdade que os Adult Jazz não serão, em rigor, um projecto de jazz, a ideia de que tudo é possível justifica a conotação jazzística desse mesmo nome.
Eis o teledisco de Springful, seguido do som do imenso e sinfónico Spook. E se eles não forem the next big thing, não creio que haja muitos outros para reivindicar o epíteto — em qualquer caso, os Adult Jazz são um caso exemplar de singularidade criativa.