quarta-feira, junho 04, 2014

Novas edições:
Teleman, Breakfast

Teleman
"Breakfast"
Moshi Moshi
5 / 5

Há coisas que são da tradição e que, por mais coisas que mudem, não sei fazer de outra maneira. E uma delas é, a cada ano, escolher “o” disco de Verão... E em 2014 o primeiro candidato ao título acaba de entrar em cena. Tem por título Breakfast e apresenta os Teleman (nome que tem mais a ver com a ideia de um homem tele-transportado que citação ao compositor Georg Philip Teleman, um dos grandes expoentes do barroco). Não são um grupo “absolutamente” novo, uma vez que resultam da reunião de três elementos dos Pete & The Pirates (um pouco como os Love & Rockets nasceram dos Bauhaus ou os Fun Boy Three dos Specials)... Na verdade quase ninguém se deve lembrar dos Pete & The Pirates, quinteto de Reading que editou dois álbuns entre 2008 e 2011 antes de se desmembrar em 2012. Três dos seus elementos juntaram-se como Teleman em 2013 e mudaram de ares, rumando a Londres. São eles o vocalista Tommy Sanders, o seu irmão Johnny (agora nas teclas) e o baixista Peter Cattermoul, aos quais se juntou o baterista Hiro Amamiya. E agora, um ano depois, apresentam um álbum que é um dos mais deliciosos refrescos pop que certamente vamos poder saborear nos meses quentes de 2014. Anunciado pelos luminosos singles Steam Train Girl (ainda em 2013) e Cristina (já deste ano), Breakfast é um claro herdeiro de uma tradição pop pastoral que, nos últimos 20 anos, teve referência maior nos Belle & Sebastian. As canções mostram um recorte clássico nas formas, por vezes evocando as dinâmicas pop para guitarras que fizeram escola na new wave ou valorizando, pela carga eletrónica, a intensidade das cores com que aqui se faz pop. Sobre estas molduras e paisagens instrumentais, pelas quais corre aquela leveza ainda fresca e tranquila (mas já a imaginar o calor que se segue) com que habitualmente imaginamos as manhãs de verão, corre depois a belíssima voz de Tommy Sanders, um dos valores maiores de uma paleta de elementos que, neste lote de canções, encontra rumo e nos dá uma espantosa coleção de canções (que o sentido pop da produção de Bernard Butler ajuda a polir). Não há aqui valores hipster, nem star power (o produtor não é bem uma “estrela”) nem mesmo orçamento para fazer deste disco uma sensação de correr pelas próximas semanas entre as bocas do mundo. Mas é garantidamente uma das mais frescas coleções de canções pop com travo “clássico” que vamos ouvir este verão.