segunda-feira, junho 30, 2014

Novas edições:
Klaxons, Love Frequency

Klaxons
“Love Frequency”
Red UK
2 / 5

Alguém se lembra ainda de ouvir falar na “cena” da floresta de Dean?... Pois. A menos que sejam grandes admiradores dos EMF ou tenham nos últimos tempos passado os olhos por uma revista musical britânica de inícios dos anos 90, a “cena” ser-vos-á o mesmo que uma qualquer realidade alienígena. Recordo este como um entre os muitos casos de “movimentos” que tantas vezes servem mais a preguiça de quem deles fala que a realidade das músicas em questão. E tudo isto para chegar ao nu-rave, um micro-fenómeno que deu que falar há uns sete ou oito anos e que, passada a vaga de acontecimentos (ou das conversas sobre eles), acabou mergulhado no esquecimento de algo que na verdade quase não existiu, consigo afogando alguns dos nomes e discos que então faziam a “cena” (atenção que não defendo aqui a não existência de movimentos e géneros – apenas refiro que muitos são artificialmente gerados para servir taxonomias fáceis e, com o tempo, afinal se revelam inconsequentes ou mesmo inexistentes). Os Klaxons (que não se afogaram, fique claro), foram um dos nomes de que mais de falava quando se falava de nu-rave. E de facto tiveram em singles como Magick, Gravity’s Rainbow ou Golden Skanks verdadeiros motores de fulgor dançável com uma alma indie rock como ponto de partida. Singles que definiram um patamar de entusiasmo que os demais temas do álbum de estreia, Myths of The Near Future (2007) não conseguiram contudo alcançar. Três anos depois, em Surfing The Void, propunham uma mais incaracterística investida por um maior protagonismo das guitarras. E agora regressam após um hiato de quatro anos com um disco que parece desejar um reencontro com caminhos que seguiam no início de carreira, todavia com um ainda mais claro favorecimento das eletrónicas. Love Frequency é contudo um disco sem um único rumo evidente. Por um lado transporta ecos dos modelos de canção que praticavam há alguns anos. Por outro ensaia experiências de uma pop electrónica mais elaborada, que resulta ocasionalmente em belos instantes como os que escutamos no tema-título, no instante mid tempo (com tempero R&B) de Show Me a Miracle e no melhor momento de todo o disco que se mostra no delicado e discreto The Dreamers. Algures num caminho entre a memória dos seus singles de 2006 (que não eram nada maus, convenhamos) e um terreno pop eletrónica de vistas largas onde nos últimos anos vimos emergir nomes que vão de um Washed Out aos Delphic (entre tantos outros), os Klaxons procuram agora novo caminho. Este parece mais um disco de busca que um eureka. A ver onde chegam depois...