Echo & The Bunnymen
“Meteorites”
Caroline International
3 / 5
Foram das primeiras bandas a colocar um ponto final à “serparação” e os três sobreviventes (Pete de Freitas morrera em 1989) voltaram a juntar-se em finais dos noventas. Les Pattinson participou apenas no primeiro álbum pós-reunião, afastando-se em 1998, desde então os Echo & The Bunnymen sendo metade dos originais, mas tendo entretanto realizado um percurso de palcos e discos bem mais longo (não disse melhor). A sua atividade tem sido regular, por vezes mais entre digressões que em estúdio, fazendo o disco que agora editam a soma de seis no período pós-reunião (tinham lançado cinco na primeira etapa, aos quais se junta um, em 1990, mas sem o vocalista Ian McCulloch). Meteorites é na verdade o primeiro álbum que apresentam após um hiato de cinco anos sem novas gravações e chega aos escaparates num mesmo momento em que se assinalam os 30 anos sobre o lançamento de Ocean Rain, a sua obra-prima (e um dos mais belos álbuns dos anos 80). Há muito que o grupo deixou de ser a fonte de grandes canções e ideias com personalidade demarcada que deles fez um dos casos mais notáveis da geração nascida do pós-punk britânico. As marcas de identidade maiores sentem-se ainda na voz inimitável de Ian McCulloch e firme mantém-se a sua posição algures no caminho das heranças tanto de referências pop dos sessentas como da cultura indie (com guitarras na linha da frente) que fez escola na alvorada dos oitentas (e da qual os The Smiths acabariam por ser o expoente máximo). Depois de discos relativamente inconsequentes – o único momento realmente interessante pós-reunião foi mesmo o álbum do reencontro, Evergreen, de 1997 – Meteorites é um disco que, tal como sucedeu com os Duran Duran em All You Need Is Now, encontra uma banda veterana num episódio de reconhecimento dos valores da sua própria obra. Ou seja, é ao olhar para si mesmos que partem para as novas canções, sendo evidentes as relações entre o que aqui nos mostram e os ecos dos álbuns Porcupine (1983) e Ocean Rain (1984), os melhores da sua discografia, de facto. Não se trata de um decalque de ideias ou de uma mera trip nostálgica, mas antes uma focagem da sonoridade no âmago da identidade do som do grupo. E quando as canções estão à altura das heranças que convocam – como em Grapes Upon The Vine ou Lovers on The Run – há uma luz que brilha e tudo faz encaixa. Pena o alinhamento não ser todo ele do mesmo calibre, a moldura e cenografia não resultando da mesma forma quando a pintura é menos inspirada. Mesmo assim, e com alguma boa vontade, talvez esteja aqui o melhor disco dos Echo & The Bunnymen desde 1997.